Apoiada na defesa, Suíça busca afirmação na elite europeia
Alemanha, Espanha e Inglaterra são três campeãs com a ida assegurada para a Copa de 2018. Elas fazem parte de um pequeno grupo de seleções europeias classificadas para todos os Mundiais desde 2006. Nesta terça (10), a Suíça tem a chance de ampliar essa lista para um quarteto. Para isso, joga pelo empate com Portugal, em Lisboa –apenas três pontos separam os times. Até agora, os suíços têm 100% de aproveitamento. “É algo que nos deixa orgulhosos, mas obviamente não somos uma nação grandiosa em termos de futebol, como Alemanha, Espanha ou Inglaterra”, disse à Folha o porta-voz da federação suíça, Marco von Ah. “Ainda nos falta a consistência de grandes resultados contra essas seleções clássicas. Mas atingir o nível em que estamos já é algo difícil o bastante. Mais duro ainda é nos manter nesse patamar.” Líder do Grupo B, a Suíça é, além da Alemanha, a única seleção das eliminatórias para a Copa, em qualquer continente, a ter vencido todas as suas partidas até aqui. Em nove rodadas, anotou 23 gols e levou cinco. A solidez defensiva tem sido um padrão para o país, passando de uma geração para a outra. Na Copa de 2006, caiu nas oitavas sem ter sua meta vazada. Quatro anos depois, levou só um gol em três jogos, contra o Chile, tendo contido até o ataque dos campeões mundiais espanhóis. No Brasil-2014 as coisas desandaram, com direito a goleada aplicada pelos franceses por 5 a 2, em Salvador. Nesta terça, o desafio de seu sistema defensivo será conter um certo Cristiano Ronaldo, astro do Real Madrid, da Espanha. Atual dono do título de melhor do mundo e favorito a conquistá-lo novamente em 2017, o astro português vive fase assombrosa nas eliminatórias, com 15 gols em oito jogos. No primeiro duelo entre os países, em 6 de setembro de 2016, semanas depois da conquista da Euro, o craque foi poupado, e os suíços venceram por 2 a 0, em casa. Por causa do saldo de gols, vitória portuguesa mandaria a Suíça para a repescagem. CAPTAÇÃO Com estimativa de 8,3 milhões de habitantes, a Suíça não está nem entre os 15 países europeus mais populosos. Um cenário que pede à federação trabalho minucioso na busca e desenvolvimento de talentos. O resultado é a consistência alcançada por sua seleção adulta. “Os 1.450 clubes do país receberam diretrizes sobre treinos, condicionamento físico, amparo psicológico e muito mais”, disse Von Ah. A população total pode não ser das maiores, mas é variada. Breve espiada na lista de atletas durante as eliminatórias mostra sobrenomes como Shaqiri, Seferovic e Xhaka (jogadores de maior destaque na seleção), além de Fernandes, Rodríguez, Mehmedi, entre outros de origem multicultural. Algo nem sempre aceito em um continente que convive com a ascensão de movimentos conservadores. Referendo popular em fevereiro deste ano aprovou a simplificação das regras para naturalizar os netos de imigrantes. O “sim” ganhou com 60,4%, mas a votação ofereceu plataforma a grupos que bradavam contra a suposta ameaça de uma “superpopulação estrangeira e aumento do número de muçulmanos”. “A seleção mostra como o país tem integrado estrangeiros com sucesso. Essa diversidade também valoriza nossas seleções”, disse Von Ah. “A ideia é reforçar isso com nossos clubes. Temos projeto para dar apoio na integração de mais imigrantes.”