Moradores recuperam praça no Jardim das Bandeiras, na zona oeste de SP
ALESSANDRA MILANEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Um grupo que mora perto da praça Horácio Sabino, na região de Pinheiros (zona oeste de São Paulo), se uniu para recuperá-la. Arrecadou R$ 1 milhão e reformou a área de 14 mil metros quadrados. A ideia nasceu há cinco anos, diz a engenheira Maria Clara Kuyven, presidente da Associação Praça Horácio Sabino. Ela frequentava o lugar com uma das filhas e não se conformava com o abandono, como outros moradores. Eles se organizaram e descobriram, com a Associação dos Moradores do Jardim das Bandeiras, já existir um projeto de revitalização para a praça, que não foi adiante. Formaram então uma associação só para o problema, com sete pessoas. Três delas doaram recursos para as obras. A praça foi inaugurada nos anos 1960. O desenho original é de Rosa Kliass, arquiteta pioneira no paisagismo do país. Mas o projeto nunca foi totalmente implementado, explica o arquiteto Luciano Fiaschi, que trabalhou em parceria com a própria Kliass na revitalização. A associação retomou o projeto e foi atrás das aprovações na prefeitura. “Nunca tivemos a pretensão de reinventar a praça, só queríamos adequar aos tempos de hoje”, diz Kuyven, 36. As obras começaram em outubro de 2016. O espaço foi entregue em meados deste ano. As mudanças incluíram drenagem, troca do piso, de iluminação e de bancos e melhora da acessibilidade. “A praça já era bastante frequentada, mas ficou muito mais depois da reforma. É um lugar de convivência ímpar”, afirma Kuyven. Um exemplo é a horta comunitária. “Fica próxima a uma escola e as crianças vão lá plantar. Ainda é pequena, mas todo mundo pode pegar o que quiser, agora está cheia de tomate”, comemora. Os desafios não acabaram. O acordo com a prefeitura prevê que a associação também faça a manutenção da praça por três anos. Depois, o acordo pode ser renovado. “Só tínhamos o dinheiro da obra, não da manutenção”, explica a moradora. Foi aí que entrou um novo ator: uma plataforma de adoção colaborativa de praças. Idealizada pelo urbanista Marcelo Rebelo, a plataforma Praças funciona assim: moradores interessados em revitalizar uma praça cadastram o projeto no site (www.pracas.com.br) e captam recursos com a comunidade. Quem quiser faz uma contribuição mensal para a obra e manutenção posterior. Em troca, a plataforma empresta uma personalidade jurídica -e os moradores não precisam formar associação-, se responsabiliza pelas aprovações do projeto, contrata fornecedores e administra os recursos. Cobra 23% sobre o valor arrecadado. “Tiramos o trabalho dos moradores e arcamos com o risco do projeto”, diz Rebelo. A prestação de contas é aberta na página do site.