Insulina ucraniana que abastecerá 50% do SUS tem eficácia questionada
A Indar, empresa ucraniana que abastecerá 50% do mercado de insulina do governo, é pouco conhecida pelo setor e tem qualidade questionável, segundo a Associação Nacional de Atenção a Diabetes e outras farmacêuticas. “O temor não é só em relação a um possível desabastecimento, mas também quanto à eficácia do produto. Vou há 30 anos a congressos e nunca ouvi sobre a companhia”, diz o presidente da associação, Fadlo Fraige Filho. A ucraniana firmou, em 2007, uma parceria com o Ministério da Saúde para transferir a tecnologia da insulina para laboratórios públicos. O processo vinha sendo feito com a Farmanguinhos, da Fiocruz, e chegou à sua última etapa apenas em 2016. A fase final, que consiste em produzir em larga escala, será feita em outro laboratório: a Bahiafarma, que até então não fabricava insulina. “Serão investidos R$ 240 milhões em uma nova planta, que deverá ficar pronta em 36 meses”, diz Ronaldo Dias, presidente do laboratório. DIABETES NO SETOR PÚBLICO – Compras do governo federal de insulina recombinante Até que a Bahiafarma consiga assumir a produção, a insulina da Indar será importada para abastecer o mercado. A Farmanguinhos diz, em nota, que vai capacitar a equipe técnica do laboratório, mas não definiu um prazo. “A insulina da Indar tem registro na Anvisa [agência reguladora] e haverá total capacidade de abastecimento”, afirma Dias, da Bahiafarma. “Hoje, há um cartel da insulina, formado por três multinacionais”, diz ele. Questionado sobre os critérios de escolha da Indar, o Ministério da Saúde respondeu que a Anvisa já comprovou qualidade do produto. Uma nova inspeção na Indar foi feita em 18 de agosto. Os resultados serão publicados em 30 dias, diz a agência. A coluna não conseguiu contato com a Indar. * Novela do Refis Algumas empresas se animaram com a exclusão de um artigo da Medida Provisória do Refis que vetava a inclusão de casos com multa agravada –quando a Receita Federal considera que houve fraude para burlar o fisco. A ducha fria veio logo após a votação simbólica na Câmara. Advogados tributaristas alertaram a executivos que o risco de entrar no Refis, desembolsar o acerto e depois a Receita Federal negar o alívio é grande. A Receita Federal, que já afirmou que não deixará passar casos que rotula de fraudadores, pode bloquear no sistema a adesão. Ou pior: o Leão pode permitir a entrada, embolsar o dinheiro e depois alegar que o contribuinte entrou quando a lei não o permitia. O prazo de adesão ao parcelamento acaba nesta sexta-feira, 29. “A Receita poderá alegar que quando a empresa entrou, as regras vigentes proibiam essa adesão”, diz a advogada tributarista Ana Claudia Utumi. “Por enquanto, o que está em vigor é a MP tal como foi editada, até que seja publicada a conversão da MP em lei. Por isso, tantas empresas com multa agravada estão preferindo não aderir.” Para valer, é preciso que a votação do Refis seja concluída na Câmara, votada no Senado e ir à sanção presidencial. * Sol no Sul A rede paranaense de supermercados Condor vai investir cerca de R$ 200 milhões no ano que vem, segundo o presidente, Joanir Zonta. “A previsão é inaugurar três lojas, a próxima delas em Santa Catarina. Uma parte do aporte, porém, vai para painéis fotovoltaicos”, afirma o executivo. A companhia inaugurou nesta quarta-feira (27), em Curitiba, uma unidade que já tem estrutura para gerar energia solar para uso próprio. “Temos capacidade para atender 35% do gasto energético da loja. É um investimento que traz retorno mais rapidamente do que a abertura de mais unidades”, diz ele. “Esse é um dos motivos pelos quais vamos instalar painéis fotovoltaicos em todas as lojas.” Apesar de ter registrado melhora no volume de vendas, o faturamento da Condor deste ano deverá ser similar ao de 2016. “Tivemos receita acima de R$ 4 bilhões no ano passado. Há deflação em vários produtos, o que faz com que o resultado financeiro não cresça.” 11 mil são os funcionários diretos da rede Condor 44 são as lojas no país 2 são os Estados em que a companhia atua: Paraná e Santa Catarina * Do Louvre aos hospitais O grupo francês Onet, empresa de serviços responsável pela manutenção e segurança no Museu do Louvre, adquiriu 70% da Centro Serviços, de limpeza. É a sua segunda compra em menos de um ano. A companhia ainda vai incorporar mais empresas, diz Philippe Mari, sócio da Acorn Advisory e membro do conselho da multinacional no Brasil. “Com essa transação, passamos a ter uma receita anual de R$ 500 milhões. A estratégia do grupo por aqui é de longo prazo, o objetivo é ser uma das três maiores do setor nos próximos anos.” A Centro Serviços, que foi adquirida, possui cerca de 7.000 funcionários e é responsável pela limpeza de estabelecimentos como o Hospital das Clínicas e o Sírio Libanês, em São Paulo. * Corrida eleitoral O volume de aquisições de companhias na América Latina deverá crescer 7% em 2017, segundo a Intralinks, que fornece salas virtuais de dados para os processos de diligência, etapa anterior à conclusão do negócio. A taxa de crescimento no Brasil ficará próxima a esse percentual, pois é aqui onde mais de 60% das transações na região acontecem, segundo Claudio Yamashita, à frente da multinacional no país. “Como há eleições em 2018, o mercado deverá dar uma guinada para acelerar a conclusão das transações.” No segundo trimestre, o número de processos de aquisição em estágio inicial cresceu 10% na comparação com o mesmo período de 2016, afirma o executivo. * Sirene A São Francisco Resgate, de atendimento pré-hospitalar, anuncia que vai investir R$ 10 milhões ainda neste ano para expandir sua presença nas regiões Nordeste e Norte. A empresa tem 141 bases de apoio em rodovias. Gênero Mulheres entre 22 e 37 anos acreditam mais que homens dessa idade que um emprego fixo e um imóvel são sinais de maturidade financeira, aponta a Ipsos. Ganhar mais que os pais é um marco mais valorizado por eles. * com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI