Embate com governos aumenta risco de mercado de criptomoedas
Nem todo mundo vê a novidade com olhos tão favoráveis. O presidente do JP Morgan, Jamie Dimon, chamou o bitcoin de “fraude” e ameaçou demitir funcionários que comprassem moedas digitais. A declaração ocorreu após a moeda digital acumular desvalorização de quase 26% em uma semana depois que uma das maiores Bolsas on-line da China informou que suspenderia as transações com a divisa no fim de setembro. O anúncio se deu em meio a uma campanha repressiva do governo chinês contra criptomoedas. A dependência que a moeda digital tem da China é um dos fatores de preocupação dos investidores. O país responde por cerca de 23% das operações com bitcoins e serve de base a muitos dos maiores mineradores mundiais da moeda, que usam vastos volumes de poder de computação para confirmar transações na moeda digital. Os mineradores chineses respondem por cerca de 70% da capacidade de geração de criptomoedas no mundo, ajudados pela energia barata e pela proximidade com fabricantes de chips potentes. Antes desse sobressalto com a China, houve um caso emblemático no Japão. Em 2014, a Mt. Gox, uma das maiores corretoras da moeda digital à época, com cerca de 70% das transações mundiais, suspendeu os negócios. A empresa afirmou que cerca de 850 mil bitcoins de clientes, avaliados em US$ 450 milhões, tinham desaparecido e possivelmente haviam sido roubados. Cerca de 200 mil foram recuperados, mas o episódio nunca foi totalmente esclarecido. REGULAÇÃO No Brasil, assim como em vários países, as moedas digitais não têm regulação específica. Na Câmara, uma comissão especial analisa um projeto de lei de 2015 do deputado Aureo (SD-RJ). Ele pede a inclusão das moedas virtuais e programas de milhagem aéreas na definição de “arranjos de pagamento” supervisionados pelo Banco Central. Uma das preocupações citadas pelo deputado é que as moedas digitais sejam usadas em atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, por causa do anonimato dos usuários. Em julho deste ano, o russo Alexander Vinnik foi preso acusado de lavar mais de US$ 4 bilhões com bitcoin de pessoas com envolvimento em ataques hackers e tráfico de drogas. Em alguns países, entre eles Bolívia e Equador, transações com a moeda foram proibidas.