Mortes: Dirigente do Grêmio e pivô da crise das ‘ovelhinhas’ de Tite
Muito antes de o Brasil conhecer Bessias, os gaúchos tiveram acesso ao teor de uma gravação que abalou estruturas institucionais e prenunciou uma crise que levou anos para ser contornada. Era 2003 e Flávio Obino, então presidente do Grêmio, interrompeu uma reunião interna para atender um telefonema de Luís Henrique Benfica, repórter do “Zero Hora”. Após a conversa, Obino retomou os assuntos que tratava com os colegas. Não sabia que a conferência tinha um novo ouvinte: atrapalhado, confundiu-se na hora de desligar o celular. Na pauta, o descontentamento com o técnico Tite. Às tantas, o vice-presidente de futebol, Luiz Eurico Vallandro, interveio: “O Anderson, o Fabri e o Luís Mário… Não cabe ficar preservando as ovelhinhas do negócio, não dá.” Na manhã seguinte, instaurou-se a crise das “ovelhinhas” –referência a jogadores supostamente protegidos por Tite. Foi o fim da linha para Vallandro e o técnico que ajudara a trazer em 2000. Contudo, se engana quem pensa que ele era desses dirigentes explosivos ou folclóricos. Discreto e afável, não era a primeira opção para o cargo mais importante do futebol gremista –sem muita intimidade com o meio da bola, aceitara a posição para ajudar Obino, de quem era próximo. Médico ortopedista, atuou durante muitos anos na saúde pública. É lembrado como uma pessoa extrovertida e apegada à família. “Era um gordinho bem-humorado e agregador”, diz o amigo Carlos Alberto Bencke. Morreu no último dia 30, aos 68 anos, após um infarto fulminante. Deixa mulher, três filhos e quatro netos. [email protected] – Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missas