Soja: Mercado intensifica altas nos portos, sobe 1,80% em Rio Grande e fecha com R$ 85 no disponível
Nesta quinta-feira (7), os preços da soja praticados no Brasil registraram mais um dia de bons ganhos. No interior do país, as cotações subiram, nas principais praças de comercialização, entre 0,68% e 4,29%, enquanto nos portos, as altas superaram 1%.
O suporte veio, novamente, de mais uma alta do dólar frente ao real – que fechou com R$ 4,05 nesta sessão – e da procura pela soja em um momento de quase nenhum produto disponível internamente. “Nós praticamente esgotamos nossa oferta”, diz Vlamir Brandalizze.
Segundo explicou o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, até mesmo em dezembro, que não é um mês de grandes vendas externas sazonalmente, as exportações brasileiras de soja trouxeram resultados bastante expressivos, com o maior volume destinado à China.
Assim, 2015 fechou o recorde de mais de 54 milhões de toneladas de soja em grão exportadas e a perspectiva de que, em 2016, esse número suba para 57 milhões, de acordo com a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais).
Dessa forma, nesta quinta-feira, a soja disponível no porto de Rio Grande encerrou o dia com R$ 85,00 por saca e alta de 1,80%; já o produto futuro, entrega março/16, registrou ganho de 0,62% para R$ 81,00. No terminal de Paranaguá, R$ 83,50 no disponível – com alta de 1,83% – e R$ 78,50 no futuro, subindo 0,64%.
Entre os prêmios, seguem os valores positivos. No porto paranaense, as posições mais distantes – abril e maio/16 – têm 20 cents de dólar acima das cotações em Chicago, enquanto as mais próximas – fevereiro e março/16 – têm, respectivamente, 45 e 30 cents positivos.
O cenário é favorecido ainda pelas incertezas sobre a nova safra do Brasil. As perdas causadas pelas adversidades climáticas continuam sendo contabilizadas e devem ser mais claras a partir desse momento, quando os primeiros trabalhos de colheita começam a acontecer e já resultando em uma produtividade média menor do que a esperada e menor do que a do ano anterior.
A preocupação dos produtores agora, portanto, é o cumprimento dos contratos já realizados com a soja da safra 2015/16. De acordo com o último levantamento da França Junior Consultoria, o Brasil já comprometeu, até o final de dezembro, 45% desta temporada. Somente em Mato Grosso, esse índice passa de 50%.
Mercado Internacional
No mercado internacional, preços ainda caminhando de lado e fechamento estável para os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago nesta quinta-feira. Entres as posições mais negociadas, o janeiro encerrou os negócios com US$ 8,77 por bushel, subindo 1,50%, enquanto as demais perderam entre 0,25 e 1 ponto, levando o maio/16, referência para a safra brasileira, a US$ 8,67.
Para Ênio Fernandes, consultor de mercado, essa movimentação lateralizada dos preços na CBOT deve se estender até que os números da Safra da América do Sul fiquem mais claros, o que deve acontecer somente a partir de fevereiro, com a colheita mais desenvolvida.
Ao mesmo tempo, as especulações ao redor da nova temporada dos Estados Unidos também devem ter seu espaço garantido nas negociações mais adiante, como tradicionalmente acontece. E a disputa por área entre soja e milho no país deve ganhar peso neste ano.
“A disputa de área sempre existe. Por ora, ela está sendo travada em um terreno longe daquele qeu o produtor gostaria. O campo é meio aquele para ver qual dos produtos dá menos prejuízo, mas deveria ser aquele sobre o qual daria a melhor margem de lucratividade”, explica Camilo Motter, analista de mercado e economista da Granoeste Corretora.
E 2016 com um fator que deve ser cada vez mais considerado pelos produtores rurais que é a derrocada dos preços do petróleo. Somente nos quatro primeiros pregões deste ano em Nova York, a commodity perdeu 12% e registrou o pior início de ano da história.
Apesar de trazer uma baixa nos custos de produção em diversos setores, mais barato o petróleo acaba limitando a demanda pelo etanol e biodiesel, limitando o potencial das cotações da soja e do milho, principalmente no quadro internacional, ainda segundo lembra Motter.
“Existem mandatos sobre obrigatoriedade de mistura. Isto não muda. Mas adições suplementares e espontâneas acabam perdendo competividade”, diz o analista.
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E no link abaixo, confira as cotações completas nesta quinta-feira:
>> MERCADO DA SOJA