Julgamento de maior chacina de SP segue com relato de sobrevivente

O julgamento dos três acusados de participar da chacina de Osasco e Barueri, que deixou 17 pessoas mortas em 2015, foi retomado na manhã desta terça-feira (19) com o depoimento de uma testemunha sobrevivente batizada de Elias. A vítima foi ouvida em esquema especial de segurança sem a presença de público ou de jornalistas. Só estão na sala a juíza (equipe), o promotor, advogados e jurados. O júri pode durar até 12 dias. A testemunha diz ter reconhecido o soldado da Rota Fabrício Emanuel Eleutério como sendo um dos criminosos dos ataques da noite de 13 agosto. O reconhecimento levou à prisão do PM, a primeira da investigação, dias após a chacina. O PM já era suspeito de participação em outras chacinas em Osasco. Segundo os policiais responsáveis pela investigação ouvidos na segunda-feira (18), essa é a única prova que coloca o PM na na cena do crime. A defesa do policial diz, porém, que essa testemunha mente, uma vez que Eleutério estaria na casa da noiva na noite do crime, conforme todos os indícios apontam. Durante os depoimentos na fase de instrução, Elias levou mais de nove minutos para reconhecer o PM e só conseguiu após colocar os óculos. Na noite do crime estava sem eles. O que a defesa também aponta como descrédito do testemunho é a inexistência de registro policial de que ele tenha sido atacado naquele noite. Além disso, outra testemunha diz que a vítima baleada naquele na rua Suzano tinha cerca 15 anos. A pessoa que depõe tem cerca de 30. Ainda hoje, outras cinco testemunhas da acusação devem ser ouvidas. – Julgamento do caso começa na segunda-feira (18) Do que os 4 suspeitos são acusados De estarem envolvidos no assassinato de 17 pessoas em 13.ago.2015, em Osasco e Barueri, em retaliação à morte de um PM e um guarda municipal em assaltos dias antes. Cada réu é acusado por um número de mortos e feridos O que diz a denúncia Os réus faziam parte de uma milícia armada que atuava na segurança de comerciantes da região e na prática de crimes, como homicídios. Eles se conheciam por meio do PM Victor Cristilder, que seria chefe da segurança de um supermercado de Carapicuíba Principais evidências, segundo a Promotoria – Há 3 testemunhas: uma reconheceu um dos PMs na chacina, uma viu outro PM na pré-chacina e a terceira diz que vizinho ouviu uma briga – Um dos PMs e o GCM trocaram mensagens de “positivo” antes e depois do horário da chacina – Parte de cápsulas apreendias eram de lote do Exército, onde um deles já trabalhou Fragilidades da acusação – Não há provas da ligação entre os quatro réus, contrariando a tese de formação de milícia – Relatos das testemunhas apresentam contradições – Faltam evidências como armas, veículos e ligações em celular CRONOLOGIA DO CASO 7.ago.2015 Cabo da PM Ademilson Pereira, 42, é morto em assalto em Osasco 8 a 10.ago.2015 Ocorrem “pré-chacinas”, com mortes em Itapevi, Carapicuíba e Osasco 12.ago.2015 Guarda civil Jefferson Luiz da Silva, 40, é morto em assalto em Barueri 13.ago.2015 Um homem é morto em Itapevi, e chacina em Osasco e Barueri termina com 17 mortes Dez.2015 Após polícia concluir investigação, Ministério Público denuncia três PMs e um guarda municipal Out.2016 Os quatro suspeitos são presos Dez.2016 Victor Cristilder, um dos PMs, é absolvido em outra denúncia por morte em 8.ago ligada à chacina Fev.2017 Justiça decide que os quatro acusados no processo principal vão a júri popular 18.set.2017 Início do julgamento em tribunal de Osasco, que terá 42 testemunhas