No páreo do Emmy 2017: quem deve ganhar e quem merece levar o prêmio
DRAMA Better Call Saul (T3, Netflix) O ótimo personagem de Bob Odenkirk na seminal “Breaking Bad” ganhou uma série promissora, com um enredo bem cuidado e diálogos profundamente humanos, mas o roteiro patina tanto que é difícil persistir House of Cards (T5, Netflix) Assistir às baixarias de Frank e Claire Underwood virou um exercício de sadomasoquismo: a gente sabe que o enredo foi ladeira abaixo e deu lugar a pirotecnias de terror tipo B, mas continuamos acompanhando Stranger Things (T1, Netflix) Thriller infantojuvenil oitentista e bem sacado. A identidade salta aos gritos, mas tudo que está nele já foi feito antes. O que não invalida um ótimo passatempo -e 18 indicações The Crown (T1, Netflix) A série é a melhor coisa produzida pela Netflix até hoje. Quem diria que os primeiros anos de reinado da britânica Elizabeth 2ª poderiam ser tão hipnotizantes? The Handmaid’s Tale (T1, Hulu) – MERECE Distopia fascinante sobre uma sociedade puritana que sucede a dos EUA ao fim de uma guerra cultural. O livro que a embasa é de 1985, mas nas telas o drama ganhou sombrios contornos atuais. Medo This Is Us (T1, Fox Life) A colunista ainda não assistiu a este drama folhetinesco de enorme sucesso Westworld (T1, HBO) LEVA Drama futurista revisita o conflito entre humanos e robôs. Aqui, a exploração dos últimos pelos primeiros em um parque temático pode servir de metáfora para situações bem atuais COMÉDIA Atlanta (T1, Fox Premium) LEVA A série de Donald Glover premiada no Globo de Ouro faz humor cáustico com a questão racial, tema palpitante na era Trump, com as histórias cotidianas de dois primos dedicados ao rap Black-ish (T3, Netflix e Sony) Indicada pela segunda vez, acerta ao mostrar choques geracionais e sociais de uma família de classe média-alta negra em um bairro afluente branco com um olhar cínico e provocador Master of None (T2, Netflix) A pequena joia sobre banalidades cotidianas de Aziz Ansari já levou o Emmy de melhor roteiro ano passado. Desta vez, disputa oito prêmios Modern Family (T8, Fox) Boa audiência e 80 indicações ao Emmy (22 vitórias) após oito anos no ar são um feito, mas o que faz desta comédia notável é a subversão da surrada série-família Silicon Valley (T4, HBO) MERECE Na melhor temporada da melhor comédia no ar, indicada já três vezes, Mike Judge (“Beavis e Butthead”) desmonta nosso deslumbre com gênios tec, esse messianismo do século 21 Ubreakable Kimmy Schmidt (T3, Netflix) Um brinde -um porre- ao humor nonsense, esta comédia surrealista indicada pela terceira vez tem cenas que poderiam ter sido escritas pela turma do Monty Python pós-Fox News Veep (T6, HBO) A vencedora dos dois últimos anos é um consenso de crítica e público. Em tempos de política escrota, a vice alçada a presidente (Julia Louis-Dreyfus) destrói com humor qualquer crença na política MINISSÉRIE Big Little Lies (HBO) LEVA E MERECE A adaptação de David E. Kelley para o romance de Liane Moriarty faria Gustave Flaubert bater palmas. Com interpretações arrebatadoras, sobretudo de Nicole Kidman e Laura Dern, esse mergulho na vida de californianas ricas que usam a prole como instrumento de competição merece cada uma de suas 16 indicações Fargo (FX) A série-antologia criada com habilidade por Noah Hawley em cima do universo de tipos ora perversos ora ingênuos dos irmãos Coen na gélida Minnesota já acumula 52 indicações em três anos -desta vez, são 16. É um raro caso de adaptação/recriação de obra-prima que consegue revigorar a original, em vez de enfraquecê-la Feud (Fox) O embate entre as gigantes Susan Sarandon e Jessica Lange, na pele das então já veteranas divas Bette Davis e Joan Crawford, respectivamente, é uma crônica melancólica de Holywood e o lugar que ela reserva às mulheres. As décadas passaram, e o assunto não perdeu o viço Genius (NatGeo) A colunista não assistiu a esta telebiografia de Albert Einstein na qual o físico é interpretado por Geoffrey Rush (Oscar de ator em 1996 por outro gênio, David Helfgott, em “Shine”) The Night Of (HBO) O drama da HBO orbita em torno de um crime e seu suspeito, mas trata muito mais do sistema judicial americano. Contrastando com os embates de atrizes fantásticas em “Big Little Lies” e “Feud”, aqui Riz Ahmed e John Turturro disputam o Emmy de ator -com vantagem para o advogado porta-de-cadeia de Turturro