Americano Miguel faz show morno com presença relâmpago de Emicida
Quase no fim da apresentação do cantor americano Miguel no palco Sunset, na noite deste sábado (16), o rapper paulistano Emicida entrou em cena e revelou para a plateia que seu jovem colega, de 31 anos, estava apreensivo com o show. “Eu tô há dois dias andando com esse cara aqui, coração puro, tava preocupado, ‘será que as pessoas me conhecem?'”, disse o brasileiro, convidado pelo americano a participar. A resposta, como ficou evidente durante a apresentação, é não: o público do Rock in Rio não conhecia Miguel ou suas músicas. Nem mesmo seu maior sucesso, “Adorn”, que venceu um Grammy de melhor canção de r&b (e fechou o show), foi entoado pela plateia –que, no entanto, acompanhou com interesse e respeito. A situação poderia ter sido contornada com uma participação mais efetiva de Emicida no show, que era o que se esperava –Zé Ricardo, curador do palco Sunset, anunciou os artistas dizendo que o público veria “um encontro não só de música, mas de alma”. Era propaganda enganosa, no entanto: a dupla, que não se conhecia até o Rock in Rio e não parecia ter grandes afinidades (talvez pela barreira da língua), fez apenas duas músicas, tornando-se o mais breve dos encontros do festival. É pena, porque o simpático e empolgado Miguel mostrou que tem voz e ideias musicais suficientes para fazer um show mais animado do que o que se viu. Sua entrada no palco, ao som de um grave que reverberava no peito da plateia, foi promissora. Acompanhado de quatro músicos –baterista, tecladista, guitarrista e um baixista que também se alternou nos teclados–, ele foi saudado pela plateia e reagiu com empolgação. “Foda, muito foda”, disse o americano, em português, ao ter seu nome gritado. “Foda pra caralho. Estou muito feliz de estar aqui com vocês.” Mostrando a extensão de seus falsetes nas canções puramente r&b (como “Drugs”, que teve citação de “Stir it Up”, de Bob Marley, e “Quickie”, introduzida com um sample de “I Get Around”, de Tupac), Miguel conseguiu entreter a audiência e evitar que ela debandasse, mas não chegou a empolgar. O mais próximo que se chegou disso foi mesmo na entrada de Emicida, que cantou “Oásis”, mistura de rap, rock, r&b e eletrônica que os dois gravaram recentemente. Na sequência, o americano convidou o brasileiro a improvisar em cima de uma de suas canções (“Skywalker”), o que ele fez com a facilidade costumeira, mas sem muita inspiração. Apesar de sua empolgação e simpatia, Miguel mostrou que não tinha cacife para ser o principal show do palco Sunset no sábado.