Brasil entra no mercado exportador de leguminosas de maior valor nutricional
A produção mundial de “pulses” subiu 50% desde os anos 2000 e vai continuar subindo em um ritmo acelerado nos próximos. A Índia é a grande chave desse setor. As “pulses” são um conjunto de espécies de leguminosas que produzem grãos de maior qualidade nutricional: grão-de-bico, lentilha, certos tipos de feijão etc. Área e produtividade maiores foram os responsáveis pela aceleração da produção nos últimos anos. Índia, Canadá e Austrália se destacam nesse setor, que, a partir de agora, também está na mira do Brasil. Estudo do Rabobank aponta que o setor teve uma aceleração nas margens de rendimento nos últimos anos, mas que os preços recuaram a partir de 2016. Mesmo assim, a área continua crescendo. Os países produtores de “pulses” miram a Índia. Os indianos produzem 25% do total desses grãos, consomem 30% da produção mundial e importam 40% do que é comercializado mundialmente, conforme dados do Rabobank. O consumo de “pulses” cresce porque há uma substituição das carnes por vegetais em várias partes do mundo. O Brasil entra nesse mercado via pesquisas da Embrapa. A empresa tem contratos de cooperação com entidades indianas de pesquisa e com empresas da Índia para o desenvolvimento de algumas variedades no país. Números da Embrapa indicam que os indianos vão importar 7 milhões de toneladas nos próximos dois a três anos. Em 2030, serão de 30 milhões a 35 milhões. Os produtores brasileiros começam a pôr no mercado as primeiras safras de grão-de-bico, já com vistas às exportações. Alguns deles começam a colocar no mercado externo pequenas quantidades para testar a viabilidade do negócio. A Embrapa avalia o potencial produtivo de quatro variedades de grão-de-bico, duas das quais indianas. Dependendo do resultado da produtividade, o Brasil poderá deixar de importar e começar a exportar para a Índia. Só no ano passado, a importação indiana de grão-de-bico atingiu 873 mil toneladas, no valor de US$ 688 milhões. Já o Brasil importou cerca de 8.000 toneladas. Além da busca de maior produtividade, as pesquisas da Embrapa visam também obter respostas para o melhor controle de pragas e de doenças que afetam as lavouras. Se conseguir desenvolver a produção de “pulses” e atender parte das necessidades da Índia, o Brasil estará presente nos dois principais mercados mundiais importadores de grãos: a China, com soja, e a Índia, com as “pulses”. Com isso, os produtores do Sul, com áreas menores, poderiam dedicar-se às “pulses”, e os do Centro-Oeste, à soja. * Rentabilidade da soja poderá cair 52% em 2018, prevê consultoria Uma boa notícia para os sojicultores: os custos de produção não vão ter grandes variações na safra 2017/18. Uma péssima notícia: a rentabilidade poderá cair 52% na próxima safra. A avaliação é da Agroconsult, que atribui a queda de rentabilidade ao excesso de oferta de soja e a preços baixos. A renda dos produtores vai depender ainda da produtividade, que é um ponto de interrogação, segundo a Agroconsult. A consultoria estima a produção total de soja em 111 milhões de toneladas na safra 2017/18. No caso do milho, a safra total deverá ser de 95 milhões de toneladas, 5% menor. A produção no verão, porém, recua 14%, para 26 milhões de toneladas. RENTABILIDADE Os produtores de soja do médio-norte de Mato Grosso deverão ter rentabilidade de R$ 371 por hectare, bem abaixo dos R$ 784 da última safra. No sudeste do Paraná, a rentabilidade cai para R$ 1.039 por hectare, ante R$ 1.224 na safra 2016/17.