Com empate heroico, Síria ainda sonha com vaga na Copa de 2018

Enfrentando uma guerra civil que já dura seis anos, a Síria encontrou nesta terça-feira (5), por meio do futebol, um motivo para comemorar. Pelas eliminatórias asiáticas para a Copa do Mundo, sua seleção nacional conseguiu um empate heroico com o Irã, por 2 a 2, em Teerã, para seguir com chances de ir à Rússia-2018. Terceira colocada do Grupo A, a equipe, que nunca disputou o Mundial, vai para a repescagem da confederação asiática. O gol salvador foi marcado aos três minutos de acréscimo do segundo tempo, pelo atacante Omar Al Soma, de 28 anos. A Síria agora vai enfrentar a Austrália em outubro. Se vencer, ainda terá de disputar um play-off em novembro contra o quarto colocado da zona da Concacaf, que envolve as seleções das Américas do Norte e Central e do Caribe. Hoje, esse oponente seria Honduras. Os sírios contaram também com um empate sem gols entre Uzbequistão e Coreia do Sul –em jogo disputado simultaneamente, em Tashkent– para garantir o terceiro lugar. Terminaram a terceira fase das eliminatórias asiáticas com 13 pontos, mesma quantia dos uzbeques, e levaram a melhor no saldo de gols. Com 15 pontos, os sul-coreanos asseguraram a segunda vaga direta da chave. Os iranianos, que já estavam classificados, terminaram com 22 pontos. Abalada por conflitos dentro de suas fronteiras desde 2011, a Síria não recebeu partidas de sua seleção nestas eliminatórias. Todos os seus cinco jogos como “anfitrião” foram realizados na cidade de Malacca, na Malásia, o que praticamente lhes tirou o fator casa. Na vitória por 1 a 0 contra o Uzbequistão em março, por exemplo, apenas 350 pessoas foram ao estádio. Estimativas consideradas conservadoras apontam para mais de 400 mil mortos no conflito. De acordo com o jornal italiano “La Gazzetta dello Sport”, 38 jogadores profissionais foram assassinados desde 2011 no país. Outros 200 deixaram a Síria. Dos convocados à seleção nacional, apenas seis jogam no futebol local. O campeonato é, hoje, reduzido às áreas controladas pelo ditador Bashar al-Assad, como Damasco, Latakia e Hama. No leste do país, a milícia radical Estado Islâmico, que condena o futebol, controla cidades importantes, como Raqqa e Deir-Ezzor. Nesta terça, milhares de torcedores assistiram à partida contra o Irã em um telão montado no estádio Al-Jalaa, em Damasco. Por 32 minutos, esses torcedores, na verdade, puderam sonhar até mesmo com uma classificação direta ao Mundial. Os visitantes abriram o placar em Teerã aos 13 min e seguraram essa vantagem até os instantes finais da primeira etapa, quando Sardar Azmoun empatou. Àquela altura, a combinação de resultados do Grupo A lhes dava a segunda vaga da chave. Se a seleção síria não conseguiu vencer o Irã, mostrou força ao marcar dois contra a equipe dirigida pelo português Carlos Queiroz. Foi uma proeza: os iranianos não levavam um gol pelas eliminatórias desde novembro de 2015, contra o Turcomenistão. Desde então, foram mais de 1.100 minutos de invencibilidade, ou 18 horas.