Risco de a Coreia do Norte poder hackear GPS causa preocupação
A possibilidade de a Coreia do Norte ter interferido em sistemas de navegação e levado às colisões que tiraram do teatro de operações da região dois destróieres norte-americanos joga luz à vulnerabilidade do GPS. Sigla inglesa para Sistema de Posicionamento Global, o GPS está em tudo, do celular à guiagem de navios de guerra. O nome se refere ao sistema criado pelos EUA em 1978, com 31 satélites, mas há similares geridos por vários países, como Rússia (Glonass, 24 satélites), Galileo (União Europeia, 15 satélites) e China (BeiDou, 21 satélites). Essa universalidade não veio com medidas de segurança correspondentes. É relativamente fácil para um hacker atacar um GPS guiando navios de guerra ou as embarcações comerciais que acabaram batendo neles. Isso ocorre de duas formas. O bloqueio ou interferência do sinal corta a comunicação, mas é facilmente detectável pela vítima. Já o chamado “spoofing”, ou mascaramento, mimetiza a frequência captada pelo receptor. Em outras palavras, o alvo acredita estar seguindo coordenadas certas, mas está sendo levado para outro ponto. O problema é particularmente grave no mar, não só em situações de conflito, mas pelo fato de que 90% do comércio mundial é feito em navios, e eles não têm sistemas alternativos de navegação, ao contrário das aeronaves. Uma saída para isso está sendo estudada na Coreia do Sul, que ressuscitou com roupagem cibernética o rádio de comunicação naval da Segunda Guerra Mundial. Seu sinal é quase 1,5 milhão de vezes mais potente do que o do GPS, mas depende de instalações enormes. As técnicas de “spoofing” vêm sendo treinadas há anos pela Rússia e pela China, cientes da necessidade de desviar o vasto arsenal de bombas e mísseis ocidentais que utilizam o GPS como seu sistema de guiagem primário. Em junho, segundo a publicação “New Scientist”, a Administração Marítima americana registrou cerca de 20 incidentes de navios com problemas de orientação por GPS no mar Negro, perto da Crimeia anexada pela Rússia. No ano passado, Seul acusou o Norte de usar o expediente contra uma frota pesqueira -Pyongyang negou. Washington afirma que não detectou problemas no GPS de seus navios abalroados.