Haddad projeta PIB acima de 3% e diz que inflação motivada pelo clima não se resolve aumentando juros

Fernando Haddad projeta PIB acima de 3%

Fernando Haddad projeta PIB acima de 3%

Haddad reforçou ainda a projeção de que o Produto Interno Bruto (PIB), que mede a atividade econômica do país, alcance índice acima de 3% (leia mais abaixo).

“A inflação preocupa um pouquinho, sobretudo em virtude do clima. Estamos acompanhando a evolução dessa questão climática, efeito do clima sobre preço de alimentos e, eventualmente, preço da energia, faz a gente se preocupar com isso”, pontuou Haddad.

“Mas essa inflação advinda desse fenômeno não se resolve com juro. Juro é outra coisa. Mas o Banco Central está com um quadro técnico bastante consistente para tomar a melhor decisão, e vamos aguardar o Copom [reunião do Comitê de Política Monetária] da semana que vem”, prosseguiu o ministro.

A alta dos juros é o principal instrumento do país para conter a inflação, já que “esfria” a economia e desincentiva o consumo.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no entanto, avalia que a inflação está sob controle e prefere juros mais baixos para impulsionar o crescimento.

A próxima reunião do Copom está marcada para a semana que vem, nos dias 17 e 18 de setembro.

Alta do PIB

Ainda segundo Fernando Haddad, a equipe econômica deve divulgar ainda nesta semana a nova projeção do PIB e as consequências sobre a arrecadação.

“Devemos divulgar nesta semana a reprojeção do PIB e as consequências sobre a arrecadação, possivelmente com um aumento da projeção para além do que estávamos esperando. Deve vir mais forte, possivelmente 3% para cima, 3% de crescimento, talvez até um pouco mais, crescimento do PIB deste ano”, sinalizou o ministro.

Taxação das ‘big techs’

Haddad falou também sobre a proposta de taxação das “big techs” — grande empresas de tecnologia como Apple, Google e Microsoft — para fechar as contas do governo.

No início do mês, após o envio do projeto de Orçamento 2025 ao Legislativo, o Ministério da Fazenda informou que o projeto seria levado adiante somente no caso de ocorrerem “frustrações de receitas”.

Questionado por jornalistas se o projeto seria enviado ao Congresso ainda neste semestre, Haddad argumentou que não se trata de uma taxação, mas “algo que precisa ser regulamentado”.

“Tem uma coisa chamada pilar 1 e 2 da OCDE. Brasil estava aguardando a adesão de todos os países ao pilar 1 e 2 para destravar esse processo, que é internacional. Todos os países estão aderindo à maneira correta. Então, não é uma taxação propriamente dita, é uma regulamentação internacional que está sendo feita para saber o que é tributado no país onde o serviço é prestado, e o que é tributado no país sede”, justificou o ministro.

“Tem um acordo internacional em torno dessas questões, e por falta de adesão de alguns poucos países aos pilares, os países que estão de acordo com a OCDE, estão antecipando as medidas regulatórias até para forçar os países que não aderiram a tomarem providencia”, completou Haddad.

As declarações do ministro desta quarta foram dadas na portaria do Ministério da Fazenda.

Nova estimativa

“Vamos provavelmente reestimar o PIB para o ano – que deve, pela força com que ele vem se desenvolvendo, superar 2,7% ou 2,8%. Há instituições que já estão projetando um PIB superior a 3%”, disse na ocasião.

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Deflação

Dois grupos de produtos puxaram a queda: alimentação e bebidas recuaram 0,44%, e gastos com habitação, 0,51%. Esses setores representam mais de um terço da cesta de produtos do IPCA.

Com o resultado de agosto, o país chegou a uma inflação acumulada de 4,24% em 12 meses – dentro da meta de inflação, mas ainda próximo ao teto dessa meta, que é de 4,5% ao ano.