Acusado de estuprar Gisèle Pelicot diz que não lembra de nada porque também foi drogado

Gisele Pélicot — Foto: Miguel MEDINA / AFP
Gisele Pélicot — Foto: Miguel MEDINA / AFP
“O senhor Pelicot me drogou porque me ofereceu algo para beber”, disse o homem, que ao ser questionado por que não prestou queixa se acredita que foi drogado, afirmou: “Foi um encontro ruim. Você esquece tudo e acabou”.
Jean T., um ex-carpinteiro de 52 anos, usava o pseudônimo “Bill” no site coco.fr, onde conheceu Dominique e marcou o encontro. Ele é um dos poucos acusados que esteve na casa dos Pélicot em Mazan, no sul da França, durante o dia.
“Ele nunca me disse que a mulher estava dormindo, drogada e que eu ia estuprá-la”, defendeu-se nesta quinta-feira, posição que o principal réu rapidamente rejeitou: “Todos sabiam”, reiterou.
Nas quase 10 cenas gravadas pelo ex-marido de Gisèle, no dia 21 de setembro de 2018, data em que Jean esteve na casa deles, a vítima aparece roncando. Em uma delas, Jean T. levanta o polegar em sinal de satisfação, na direção da câmera.
Perante o tribunal, o acusado garantiu que desconhecia que estavam sendo gravados e que soube quando os investigadores lhe mostraram os vídeos após sua prisão.
Embora durante o julgamento tenha garantido não se lembrar de nada, conseguiu descrever detalhadamente o ‘modus operandi’ do marido: estacionar longe, entrar em casa pelo pátio e despir-se na cozinha.
Questionado se pediu o consentimento de Gisèle Pelicot, respondeu que “nas relações libertinas em geral são os homens que falam” e “a mulher sempre espera”.
Nesta quarta (2), outro acusado, Jérôme V., de 46 anos, ex-funcionário de um supermercado que visitou a casa do ex-casal seis vezes entre março e junho de 2020, em plena pandemia, admitiu o crime:
“Eu não voltava porque gostava do ‘modo estupro’, mas porque não conseguia controlar minha sexualidade. Queria sair disso, fugia, esperava que ele não me contatasse novamente, mas não fiz nada para impedir. É difícil explicar por que eu não fui capaz de dizer ‘isso tem que parar’. Tinha medo do impacto, de que ele divulgasse as fotos. Eu não sabia dizer ‘não’ ao senhor Pélicot”.
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