Dólar sobe a R$ 5,70 e tem maior nível em dois meses, com exterior e fiscal no radar; Ibovespa recua

Dólar — Foto: Karolina Grabowska/Pexels
Dólar — Foto: Karolina Grabowska/Pexels
O dólar fechou em alta nesta sexta-feira (25), recuperando parte das perdas da véspera e atingindo o maior patamar desde 5 de agosto, quando fechou em R$ 5,7412. O movimento veio na esteira do cenário internacional e conforme investidores continuavam a repercutir o quadro fiscal.
Com a agenda esvaziada de indicadores econômicos, as atenções ficaram com as falas recentes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que voltou a defender o arcabouço fiscal do país.
Dados recentes de inflação e as expectativas sobre o quadro de juros também estiveram no radar. No exterior, a corrida eleitoral norte-americana seguiu sob os holofotes, bem como os balanços corporativos do dia.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Ao final da sessão, o dólar subiu 0,74%, cotado a R$ 5,7046. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,7131. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
- recuo de 0,11% na semana;
- avanço de 4,73% no mês;
- ganho de 17,56% no ano.
No dia anterior, a moeda norte-americana teve queda de 0,52%, a R$ 5,6629.
Já o Ibovespa encerrou em queda de 0,13%, aos 129.893 pontos.
Com o resultado, acumulou:
- queda de 0,46% na semana;
- perdas de 1,46% no mês;
- recuo de 3,20% no ano.
Na véspera, o índice teve uma alta de 0,65%, aos 130.067 pontos.
O que está mexendo com os mercados?
Com uma agenda esvaziada de indicadores nesta sexta-feira (25), investidores continuaram a repercutir os sinais sobre o quadro fiscal doméstico e sobre a condução da política monetária por parte do Banco Central do Brasil (BC).
Na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou em mais uma trilha de finanças do G20. Ao lado do presidente do BC, Roberto Campos Neto, o ministro defendeu o fortalecimento do arcabouço fiscal brasileiro, voltando falar sobre a necessidade de o governo conseguir torná-lo crível no médio e longo prazo.
Nesta semana, Haddad já havia afirmado que vai discutir iniciativas relacionadas ao tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reiterando que o fortalecimento do arcabouço vai viabilizar uma melhora das expectativas de mercado para as contas públicas.
Após a adoção de uma série de medidas arrecadatórias, a equipe econômica vinha sendo pressionada a adotar iniciativas pelo lado das despesas e prometeu que, após o segundo turno das eleições municipais, vai apresentar projetos de controle de gastos.
O tema também tem sido abordado de maneira frequente pelo BC como fator de influência na política monetária. Na véspera, o presidente da instituição voltou a afirmar que as expectativas desancoradas de inflação (quando as projeções do mercado estão longe da meta do BC) e o patamar atual dos prêmios de risco do país preocupam muito a autoridade monetária.
“Temos que fazer a inflação convergir para a meta, esse é o nosso mandato, e explicar como vamos fazer isso. Entendemos que às vezes, no curto prazo, temos que adaptar a linguagem, mas esse é o nosso foco e nossa missão”, disse Campos Neto recentemente, em evento promovido pelo banco UBS em Washington, nos EUA.
Com as preocupações fiscais como pano de fundo, o mercado também segue repercutindo os últimos dados divulgados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país.
O indicador subiu 0,54% em outubro, acelerando em relação ao mês anterior (0,13%) e também acima das expectativas do mercado (0,50%). O movimento foi puxado principalmente pelo forte avanço da energia elétrica residencial, que teve uma alta de 5,29% no mês, com a mudança da bandeira tarifária para a vermelha patamar 2, que adiciona um custo de R$ 7,87 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos.
O resultado acima do esperado reforça as expectativas dos investidores de que a Selic, taxa básica de juros, deve subir mais nos próximos meses. Atualmente, a taxa está em 10,75% ao ano.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, diz que a “inflação de serviços deve continuar pressionada pelo mercado de trabalho aquecido e por ganhos salariais acima da produtividade”, além da seca e outros fatores climáticos, que podem encarecer itens voláteis, como energia e alimentação.
“Os dados do IPCA-15 de hoje reforçam nossa visão de que Copom precisará seguir com o ciclo de alta da Selic nas próximas decisões, com ajustes de 0,5 ponto percentual nas reuniões de novembro e dezembro”, destaca Claudia.
Já no exterior, investidores seguem atentos aos desdobramentos da corrida eleitoral norte-americana, que segue acirrada. Os balanços corporativos do dia também seguem no radar.
*Com informações da agência de notícias Reuters