Ministro da Bolívia nega ataque contra Evo Morales e diz que comboio do ex-presidente atirou contra polícia

Ex-presidente da Bolívia Evo Morales divulgou vídeo de suposto ataque a tiros no domingo

Ex-presidente da Bolívia Evo Morales divulgou vídeo de suposto ataque a tiros no domingo

O ministro do Interior da Bolívia negou, nesta segunda-feira (28), que o ex-presidente, Evo Morales, tenha sido alvo de um atentado.

Segundo Eduardo del Castillo, uma força especial antidrogas da Bolívia realizava uma operação em busca de traficantes de drogas quando o comboio de carros transportando Morales atirou contra eles.

“Denuncio de maneira urgente” ante a CIDH “que agentes de elite do Estado Boliviano atentaram contra a minha vida no dia de hoje [domingo]”, informou Morales na rede social X, citando a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

A declaração ocorreu horas depois de Morales postar o vídeo do suposto atentado. Ele disse que seu veículo tinha sido atacado com “14 disparos” por homens encapuzados quando se dirigia para seu programa semanal de rádio e que o ataque ocorreu “enquanto o governo reativa operações conjuntas entre forças policiais, militares e paramilitares para dirigir a repressão e atentar contra a vida de irmãs e irmãos nos pontos de bloqueio e protesto social”.

Um dia antes, Luis Arce, atual presidente da Bolívia e ex-aliado de Morales, trocou a cúpula militar do país, em meio a bloqueios de estradas promovidos por simpatizantes de Morales em protesto contra uma investigação judicial contra ele.

Arce respondeu, através da rede social X, que instruiu “uma investigação imediata e minuciosa para esclarecer os fatos”.

“O exercício de qualquer prática violenta na política deve ser condenado e esclarecido”, indicou o presidente e ex-ministro da Economia de Morales durante seus 14 anos de governo.

Ex-presidente da Bolívia, Evo Morales — Foto: Jornal Nacional/Reprodução

Ex-presidente da Bolívia, Evo Morales — Foto: Jornal Nacional/Reprodução

No domingo, o vice-ministro de Segurança Pública, Roberto Ríos, disse que as autoridades consideravam a possibilidade de um “autoatentado”.

“Como autoridades de Estado, é nossa obrigação investigar qualquer denúncia, seja ela verdade ou mentira, sobre a existência de um autoatentado”, declarou Ríos aos jornalistas.

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Investigação contra Morales

Os partidários de Morales bloquearam várias rodovias do país desde 14 de outubro. Os cortes nas estradas provocam escassez de combustíveis e aumento dos preços de produtos básicos em várias cidades.

Segundo a Administração Boliviana de Estradas, o país tem 16 pontos de bloqueio, a maioria no departamento de Cochabamba, reduto de Morales.

Na sexta-feira (25), mais de 1.700 policiais foram mobilizados para desativar os bloqueios. Nos confrontos, 14 policiais ficaram feridos e 44 pessoas foram detidas, segundo o governo.

Ex-aliados, Arce e Morales estão em uma disputa pela candidatura presidencial governista nas eleições de agosto de 2025, embora apenas o ex-presidente tenha anunciado oficialmente que deseja disputar o pleito.

O Ministério das Relações Exteriores denunciou no sábado em um comunicado que estão em curso “ações desestabilizadoras lideradas por Morales que pretendem interromper a ordem democrática”, o que ameaça a estabilidade da Bolívia e da região.

“O Estado da Bolívia faz um apelo à comunidade internacional, aos Estados, aos organismos multilaterais e aos povos do mundo para que permaneçam atentos diante dos acontecimentos”, afirmou o ministério.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Produtivo e Economia Plural, os bloqueios já provocaram perdas de quase US$ 1,2 bilhão (6,85 bilhões de reais).