Soja fecha com altas de mais de 40 pts em Chicago com área nos EUA abaixo das expectativas
Os novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) chegaram ao mercado nesta quinta-feira (30) e a reação foi imediata na Bolsa de Chicago. Os futuros da soja registraram um novo rally e fecharam com altas que superaram os 40 pontos nos vencimentos mais distantes.
O contrato novembro/16, que é referência para a nova safra dos EUA e o mais negociado neste momento, com um volume estimado de mais de 400 mil contratos, terminou o dia valendo US$ 11,54 por bushel, depois de bater na máxima da sessão em US$ 11,60, e subindo 42 pontos.
O departamento norte-americano trouxe dois novos reportes – área de plantio e estoques trimestrais norte-americanos – e o primeiro foi o que teve mais influência sobre o forte avanço das cotações na sessão desta quinta, segundo explicaram analistas e consultores de mercado.
De acordo com os dados do USDA, a área estimada para a soja é de 33,87 milhões de hectares. O número veio abaixo da média das expectativas do mercado, que era de 33,98 milhões. Em março, porém, o USDA estimava 33,28 milhões de hectares.
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“Os números desta quinta que trouxeram uma projeção de área de plantio menor do que o esperado puxou o mercado para cima e motivou de forma expressiva um movimento de compra dos fundos”, diz Bob Burgdorfer, analista de mercado do portal internacional Farm Futures.
Caso seja confirmada, a área plantada nos Estados Unidos seria recorde, mas ainda assim não parece ter assustado o mercado. Afinal, ainda segundo explicam os analistas, o atual momento continua sendo de uma perspectiva de oferta bastante ajustada frente a uma demanda com forte potencial de crescimento.
Segundo explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, mesmo que a área cultivada com soja nos Estados Unidos registrasse um crescimento de até 500 mil hectares, essa oferta permaneceria apertada diante do incremento da demanda.
Ainda nesta quinta-feira, porém, foram divulgados ainda os estoques trimestrais de soja dos Estados Unidos e o volume reportado pelo USDA superou a expectativa média do mercado em um milhão de toneladas, o que, como explicam analistas, acabaram limitando parte do movimento de altas em Chicago.
Os estoques de soja dos Estados Unidos foram reportados em 23,68 milhões de toneladas, 39% maiores do que os de 1º de junho de 2015. As projeções do mercado variavam de 21,34 milhoes e 23,46 milhões de toneladas, com média ede 22,67 milhões. Em 1º de março deste ano, o volume de soja estocada era de 41,67 milhões.
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Clima e nova safra dos EUA
Conhecidos os números de área de plantio, segundo Bob Burgdorfer, o foco passa a estar, agora mais do que antes, sobre o clima no Meio-Oeste americano e as especulações que ele traz a partir deste momento. O final de julho e o mês de agosto são os períodos determinantes para a cultura da soja no país e, portanto, as previsões mais alongadas deverão ser ainda mais esperadas.
Neste momento, a preocupação se dá mais sobre o milho, que entra em sua fase de polinização e precisa de umidade para conclui-lo bem. “Enquanto o clima mais quente pode preocupar na na próxima semana, a chegada de chuvas melhores podem aliviar o stress causado sobre as lavouras”, explica o analista do portal Farm Futures.
As últimas previsões do NOAA – o departamento oficial de clima dos Estados Unidos – indicam que no período dos próximos 6 a 10 dias – de 5 a 9 de julho – as condições de chuvas melhoram para o Corn Belt, porém, alerta para temperaturas elevadas.
Demanda pela soja americana
Ainda nesta quinta-feira, o USDA trouxe seu reporte semanal de vendas para exportação e os números da soja foram fortes, apesar de terem ficado dentro das expectativas do mercado. Com menor oferta no Brasil, e também na Argentina, os importadores continuando buscando mais produto norte-americano, o qual tem ainda preços mais atrativos neste momento.
Na semana encerrada em 23 de junho, as vendas somaram 1.528,000 milhão de toneladas, sendo, do total, 730 mil da safra velha e mais 798 mil da safra nova. Os traders apostavam em algo entre 1,1 milhão e 1,6 milhão de toneladas.
As vendas semanais de farelo também foram expressivas e somaram 159,6 mil toneladas, contra projeções de 100 mil e 275 mil toneladas. Foram 115,5 mil da temporada 2015/16 e mais 44,1 mil da 2016/17. Sobre o óleo de soja, as vendas totalizaram 62,4 mil toneladas, com um volume que ficou dentro das expectativas de 40 mil a 70 mil toneladas.
Mercado Brasileiro
No Brasil, os preços da soja acompanharam a disparada em Chicago e subiram tanto nos portos quanto no interior do país. E o movimento foi possível mesmo diante de mais um dia de forte baixa no dólar, que chegou a perder, ao longo da sessão, o patamar dos R$ 3,20.
O produto disponível subiu 1,63% no porto de Paranaguá e 1,92% no de Rio Grande, para fechar o dia com R$ 93,50 e R$ 90,20 por saca, respectivamente. Para a soja da nova safra os ganhos foram mais fortes e passaram de 2%. Assim, no terminal paranaense o último valor foi de R$ 86,00 e no gaúcho, R$ 86,40 por saca.
Em Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra, em Mato Grosso, os preços subiram mais de 6% para fechar com R$ 80,00 por saca; em Jataí/GO, alta de 0,26% para R$ 76,20. Em contrapartida, o recuo do câmbio pesou em algumas praças de comercialização, como 1,11% em Ponta Grossa/PR, para R$ 89,00.