Com demanda e nova onda de calor prevista para os EUA, soja fecha com alta de dois dígitos

Nesta quarta-feira (27), o mercado internacional da soja registrou sua segunda sessão consecutiva em campo positivo e encerrou o dia com altas de mais de 12 pontos entre os principais vencimentos negociados na Bolsa de Chicago. O agosto/16 recuperou boa parte das perdas dos últimos dias e terminou o pregão com US$ 10,10 por bushel, enquanto o novembro/16 foi a US$ 9,86.
O foco principal do mercado futuro norte-americano permanece sobre o desenvolvimento da nova safra norte-americana e, principalmente, sobre as condições de clima nos Estados Unidos nesse momento. No entanto, as últimas previsões climáticas indicam a chegada, no início de agosto, de um novo sistema de alta pressão, o qual poderia elevar ainda mais as temperaturas no Corn Belt no mês chave para a cultura da soja no país.
Entretanto, o peso dessas condições poderiam atuar de maneira limitada sobre o andamento dos preços, uma vez que dada as boas chuvas que chegam às regiões produtoras e que deverão continuar chegando, também de acordo com as mais recentes previsões para o Meio-Oeste americano.
“Os fundos especulam a possibilidade de uma nova onda de altas temperaturas para o Meio-Oeste. Assim, a pergunta que vale alguns milhões é se essas temperaturas, já no início de agosto, voltarão a ficar acima da média”, explica Andrea Cordeiro, analista de mercado da Labhoro Corretora”.
E como explica o consultor Ênio Fernandes, o mercado internacional se atenta ainda não só a esse calor intenso na reta final do desenvolvimento da safra americana, mas também à uma possibilidade de antecipação das geadas nos EUA e das incertezas climáticas para a nova safra da América do Sul que já causam especulações entre os traders internacionais. No entanto, acredita ainda que uma safra norte-americana cheia já estaria precificada no intervalo de US$ 9,50 e US$ 10,00 por bushel em Chicago.
Ainda nesta quarta-feira, o mercado internacional recebeu um novo anúncio de vendas dos EUA para a China, de 131 mil toneladas de soja em grãos com volumes das safras nova e velha, ajudando a renovar o fôlego das cotações nesta sessão. A oleaginosa norte-americana, afinal, se mostra mais competitiva neste momento, atraindo, naturalmente, mais demanda.

Enquanto os prêmios pagos nos portos brasileiros ainda oscilam perto de US$ 2,00 por bushel acima das cotações praticadas em Chicago, no Golfo, essas referências variam de 78 a 97 centavos de dólar nas principais posições de entrega.
Mercado Nacional
Em consequências das fortes altas em Chicago, os preços no Brasil subiram também e motivaram alguns novos negócios no Brasil nesta quarta-feira. No entanto, apesar do avanço, a recuperação ainda é insuficiente para devolver o ritmo normal do merdado nesse momento, como explica Camilo Motter, analista e economista da Granoeste Corretora de Cereais.
“O produtor está capitalizado e ainda aposta no clima e no período de entressafra”, explica o analista. E essa aposta se dá frente à demanda interna que é forte, com as indústrias locais ainda com a necessidade de buscarem matéria-prima em meio a um cenário de baixa disponibilidade de produto neste momento.
Em Paranaguá, a soja disponível subiu 3,05% para R$ 84,50, enquanto em Rio Grande a alta foi de R$ 1,25% para R$ 81,00 por saca. No mercado futuro, a referência para o terminal paranaense foi a R$ 81,00, subindo 2,53%, enquanto no gaúcho o ganho foi de 0,64% para encerrar o dia com R$ 79,00.
O Brasil possui apenas cerca de 15% da safra 2015/16 ainda para ser comercializada, com bons volumes já exportados – mais de 43 milhões de toneladas no acumulado de 2016 – e uma demanda interna aquecida. Para a safra nova, com aproximadamente 40% já comercializada, os negócios caminham de forma mais lenta, e os produtores aguardam por oportunidades mais favoráveis, ainda como explica o consultor.