A cabana do pai Donald Trump
RIO DE JANEIRO – Harriet Beecher era uma professora que tentava a literatura. Escrevia pequenas novelas sentimentais, ao gosto dos folhetins franceses e ingleses que chegavam em massa da Europa. Certa tarde, presenciou uma cena de crueldade: a flagelação de um escravo. Revoltada com o que viu, começou naquela noite mesmo o seu romance. Publicou-o primeiramente em folhetim, o “The National”, de Washington, e depois em livro. E sua indignação era tão veraz, tão humana e bela, que imediatamente despertou polêmica e curiosidade. Foi processada pelas autoridades e sua vida particular foi algumas vezes ameaçada. Anos mais tarde, Lincoln, já empossado na Presidência da República, recebeu a professorinha em seu gabinete. Saudou-a com essas palavras, que ganharam a história: —Então a senhora foi quem provocou a Guerra Civil! O problema racial nos Estados Unidos, além de ter provocado uma guerra, continuou sem solução. Com a eleição de Barack Obama não faltaram aqueles que julgavam encerrado o “Uncle Tom”, ou seja, a submissão da raça negra aos diversos segmentos da raça branca, tornando-se notável a Ku Klux Klan. Até hoje são inúmeros os casos policiais que matam negros pelas costas. O sonho de Martin Luther King foi cortado violentamente pelo seu assassinato. Donald Trump não é negro, a menos que pinte seu cabelo com tinta mais ou menos loura. Ele foge do padrão de outros presidentes, para o bem e para o mal. A ideia do muro separando o México dos EUA é uma medida sinistra. Em todo caso, ainda não manifestou o desejo de invadir outros países que, na opinião dele, podem prejudicar a noção que ele tem do poderio americano. Provavelmente ele nunca leu “A Cabana do Pai Tomás”. Aliás, a impressão que dá é que nunca leu livro algum.