Acusado de comprar votos para Rio-16 atuou em hotel de Trump no Rio
O empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, considerado foragido da Operação Unfair Play, atuou no construção do Trump Hotel na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. E-mails interceptados pela Justiça Federal indicam que Soares discutiu o empreendimento com o empresário Paulo Figueiredo Filho, então sócio do presidente norte-americano Donald Trump. O Trump Hotel começou a ser construído de olho na Olimpíada, mas até hoje não foi totalmente concluído. Arthur Soares é acusado de ter pago US$ 2 milhões de propina ao membro do COI (Comitê Olímpico Internacional) Lamine Diack para que votasse a favor do Rio na eleição. Em janeiro de 2016, Arthur Soares envia e-mail a sua sócia Eliane Cavalcante relatando “problemas de cx [caixa] no LSH”. A mensagem faz referências a pagamentos de R$ 600 mil e R$ 2 milhões, sem clareza de que se trata a movimentação. O e-mail é enviado com cópia para Figueiredo Filho, sócio de Trump e à época representante do negócios no Brasil. De acordo com a LSH, uma empresa de Arthur Soares, AS Patrimonial, tem 14% das cotas do fundo imobiliário do empreendimento. O juiz Marcelo Bretas determinou o bloqueio de bens da empresa. A construção do hotel já foi alvo de investigação do Ministério Público Federal em Brasília. A Procuradoria investiga o aporte feito por fundos de pensão no empreendimento. A Trump Organization decidiu tirar a sua marca do hotel em dezembro em razão dos sucessivos atrasos para entrega do empreendimento. Em nota, a LSH afirmou “que cooperou com a equipe da força tarefa que esteve no local durante uma operação”. “Todos os documentos solicitados foram apresentados e também ficou esclarecido que o Sr. Arthur Soares não faz e nunca fez parte do quadro societário, bem como jamais teve qualquer posição no empreendimento. Adicionalmente, informa-se que a única relação entre a companhia LSH e a Trump Hotel Corporation se resumiu a um contrato de prestação de serviços hoteleiros, encerrado de forma consensual e amigável em dezembro de 2016”, diz a nota. Dados do MPF mostram que Soares montou uma complexa rede de empresas para ocultar seu patrimônio. De acordo com a Receita Federal, ele multiplicou seus bens entre 2006 e 2015, período do governo Sérgio Cabral (PMDB). Houve uma alta de R$ 16,8 milhões a R$ 238 milhões no período.