Além de Catalunha, outras regiões na Europa têm grupos separatistas

A reivindicação catalã por independência é antiga e teve especial força nos anos 1930. Mas a causa é eclipsada, na Europa, pela memória recente de outro separatismo espanhol: o basco. Militantes do País Basco, no nordeste, lutaram durante décadas por sua independência, negada pelo Estado em Madri. A milícia separatista ETA, formada no fim dos anos 1950, foi responsável pela morte de mais de 800 pessoas durante longos anos de atividade na Espanha e na França, com sequestros e ondas de ataques a bomba. Essa organização foi progressivamente desmontada pela ação policial espanhola e, neste ano, anunciou seu desarmamento definitivo de maneira unilateral. Mas o País Basco tem hoje algum grau de autonomia, com seu próprio Parlamento, assim como a Catalunha. Essas concessões são resultado de acordos estabelecidos na transição democrática, após a morte do ditador Francisco Franco em 1975. A determinação catalã atual em se separar da Espanha vem da sensação de sua classe política de que esses arranjos não são suficientes e devem ser substituídos pela independência total. Outras regiões na Europa tentaram, com graus de sucesso variados, separar-se do poder central. O melhor exemplo é a Escócia, que hoje é parte do Reino Unido. Os escoceses votaram em 2014 por sua independência, mas separatistas foram derrotados por 55% da população, que preferiu continuar com Londres. As consultas na Catalunha e na Escócia são bastante diferentes, em especial porque o governo britânico havia permitido o voto e a decisão poderia levar à separação. ILEGAL Já Madri diz que o plebiscito catalão é ilegal —contraria inclusive uma decisão do Tribunal Constitucional. Ou seja, ainda que o Parlamento catalão declare a independência após o voto, ela não terá valor legal. É possível que Madri reaja revogando a autonomia catalã e prendendo o seu presidente, Carles Puigdemont.