BNDES precisa manter caixa, diz chefe do banco sobre devolução de recursos
O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, disse nesta quinta (14) que a devolução de R$ 180 bilhões ao Tesouro solicitada pelo governo esta semana compromete a capacidade do banco para emprestar dinheiro. “O governo enviou uma carta [pedindo a devolução] e ela merece consideração, até porque somos governo. Mas uma mera devolução, com esse nome, não é a solução mais inteligente, já que reduz o tamanho do banco”, argumentou. Segundo ele, os termos da devolução estão sendo negociados e pode ser que parte dos valores seja transferido por meio de uma troca de ativos com o Tesouro. Neste caso, o banco repassaria títulos e ações, ao invés de dinheiro. Para ajudar a cobrir o déficit fiscal, o governo solicitou R$ 50 bilhões este ano e R$ 130 bilhões de acordo com um calendário que será negociado entre as partes. Ele não quis adiantar qual seria a contraproposta ao governo, mas disse que, dos R$ 170 bilhões que o banco tem em caixa hoje, R$ 120 bilhões só existem porque a instituição tem emprestado menos dinheiro do que recebe como pagamento por financiamentos já concedidos. “A principal preocupação é preservar a saúde financeira do banco e sua capacidade para financiar”, afirmou, em entrevista após evento sobre infraestrutura promovido pela ABCE (Associação Brasileira de Consultores de Engenharia). Até agora, o BNDES já devolveu R$ 130 bilhões dos R$ 440 bilhões transferidos pelo governo para empréstimos subsidiadas durante a crise econômica. Em sua palestra, Paulo Rabello ressaltou que o número de aprovações de novos financiamentos cresceu 27% em julho, em um sinal de que o investimento começa a reagir. “Daí a preocupação com o ‘me dá o seu caixa’. Que caixa?”, questionou. “Vamos fazer o possível para dar nossa colaboração, mas não do jeito que esta proposto”. Segundo ele, a carteira empréstimos do banco hoje indica investimentos de R$ 905 bilhões até 2020.