Brasil vai na contramão global, e rebanho bovino bate recorde

O rebanho brasileiro de bovinos atingiu o recorde de 218 milhões de cabeças no ano passado. No início dos anos 1970, era inferior a 90 milhões de cabeças. O Brasil vem na contramão do setor mundial, uma vez que os rebanhos dos Estados Unidos e da Argentina, dois importantes participantes mundiais nesse setor, diminuíram. Só agora que esses dois países começam a ter um ligeiro aumento no número de animais no pasto. Números divulgados nesta quinta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que a produção de gado avança cada vez mais para o Centro-Oeste. Em 1974, a região Sul era responsável por 23% do rebanho nacional. Neste mesmo período, o Centro-Oeste detinha 25%. No ano passado, enquanto a participação do Sul recuou para apenas 13%, a do Centro-Oeste subiu para 34%. A pecuária ganha importância e atualmente representa 6% do PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio que é gerado “dentro da porteira”. “Essa porcentagem parece baixa, mas é muito expressiva”, diz Mariane Crespolini, pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Os pecuaristas são diretamente responsáveis por uma parcela importante da economia do agronegócio e da economia total do país, segundo ela. A produção primária, em que está inserida a pecuária, é base de movimentação para vários outros setores “fora da porteira”, como insumos, indústria e serviços. Para Crespolini, a agricultura representa 69% do PIB do agronegócio. Já as cadeias de produção de origem animal equivalem a 31% desse PIB. Na atual conjuntura de crise da economia brasileira, a produção primária se torna um grande multiplicador na economia. SUÍNOS E AVES O consumo interno crescente e a abertura de novos mercados externos fizeram a produção de carne suína aumentar. Segundo o IBGE, o país tinha 40 milhões de cabeças destes animais no ano passado. Cresceu também a produção de aves, que atingiu 1,4 bilhão de unidades, e a de peixes, que somou 507 mil toneladas em 2016. O número de vacas leiteiras, no entanto, caiu para 19,7 milhões, 7% menos do que em 2015. Essa queda deixa o país ainda mais dependente da importação de lácteos. * Inflação dos agrícolas – Os produtos agropecuários pararam de cair no atacado neste mês, após recuo de 1,6% em agosto. Mesmo assim, a queda acumulada no ano é significativa: 14,9%. Inflação dos agrícolas 2 – Entre as altas de preço deste mês estiveram carne bovina e milho. Já leite, açúcar e ovos caíram. Participou ou não? – O governo diz que os auditores fiscais federais agropecuários participam das discussões sobre reformas na defesa agropecuária. O Anffa (sindicato da categoria) nega participação. Quem perde – Esse acirramento de ânimos é prejudicial ao setor privado, que depende do governo e de fiscais federais para o andamento da fiscalização e consequente escoamento de mercadorias.