Celso Amorim afirma que posição da Venezuela é preocupante e diz estar ‘chocado’ decisão de revogar custódia da embaixada argentina

Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República. — Foto: Reprodução/GloboNews

Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República. — Foto: Reprodução/GloboNews

Celso Amorim está na Rússia, em agenda internacional, mas concedeu entrevista pelo telefone.

“Eu acho extremamente estranha a atitude da Venezuela, figura corrente do direito internacional é a proteção internacional de interesses. Para mim, é uma coisa que me chama a atenção, e me choca muito”, pontuou Amorim.

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“Não tem cabimento isso. Eu acho que esse é um assunto tipicamente diplomático. Claro que tem repercussões políticas. O Itamaraty respondeu corretamente e lamentamos muito a situação”, prosseguiu o assessor.

A Argentina, por sua vez, agradeceu o gesto do governo brasileiro. Disse que “aprecia o compromisso e responsabilidade” do Brasil “em assegurar a custódia das propriedades argentinas” na Venezuela.

Cerco a prédio

“Na Embaixada da Argentina na Venezuela, sob custódia do Brasil, estamos com a energia elétrica cortada e com os acesso à sede tomados”, escreveu na rede social X Magalli Meda, chefe de campanha de María Corina Machado, refugiada no local desde 20 de março ao lado de cinco colegas.

A oposição relatou, na noite desta sexta que homens encapuzados rondaram os arredores do edifício. E que um veículo da polícia está desde então estacionado em frente ao local.

Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), criticou o governo venezuelano. Ele escreveu no X que as “ameaças e ações são completamente contrárias ao Direito e não são aceitáveis de nenhuma forma pela comunidade internacional”.

Expulsão do embaixador

A expulsão do embaixador da argentina de Caracas ocorreu após a Argentina afirmar que a reeleição de Maduro não foi legítima e que a eleição presidencial na Venezuela, no fim de julho, foi fraudada.

O Brasil não reconhece nem rejeita o resultado da eleição. A postura do país tem sido a de exigir a apresentação das atas eleitorais — espécie de boletim das urnas —, o que ainda não foi feito pelas autoridades venezuelanas.

Na diplomacia, quando um país tem um embaixador expulso, pode pedir para outra nação representar os interesses de seus cidadãos no local. Foi o que Argentina fez.

Segundo o Comando Nacional de Campanha da oposição venezuelana, seis membros do grupo estão asilados dentro da embaixada. O regime de Maduro tem interesse em prender essas pessoas.