Com gravações de Zeca Baleiro, peça retrata abuso contra mulher no sertão

No solo seco de Pedras Azuis, o ânimo dos habitantes dessa cidadezinha fictícia do sertão nordestino é reavivado pelo caminhão-pipa de Antero (Neto Manic), que abastece semanalmente o local. Mas o espírito “salvador” de Antero não é replicado em casa, onde cria um clima de abuso físico e psicológico de sua mulher, Diana (Annelise Medeiros). É essa contradição que o dramaturgo e diretor Marcio Macena coloca em “Pedras Azuis”, espetáculo em cartaz em São Paulo. Antero garante o sustento de mulher e filhos até que a prefeitura adquire o próprio caminhão-pipa para abastecer a cidade. No desespero, pensa em sabotar a nova empreitada do governo (deveria destruir o caminhão-pipa que lhe causara ruína?). A situação só piora com a vinda de um funcionário público (Emanuel Sá), e as consequências (e abusos) continuam a recair sobre Diana. “Não há horizonte na vida dessas pessoas”, comenta Macena, que cria na sua montagem um jogo de sons e silêncios (com cortes secos). Ele também coloca em cena uma narração, gravada pela atriz Mel Lisboa, em que mostra estatísticas de abusos de mulheres (67% das brasileiras já sofreram alguma violência) e uma narração de Zeca Baleiro –”é uma voz masculina, grave, como uma reza”, afirma o diretor. Ainda há canções gravadas, para a peça, pela cantora Maria Gadú. * PEDRAS AZUIS QUANDO qua. e qui., às 21h; até 16/10 ONDE Viga Espaço Cênico – sala Piscina, r. Capote Valente, 1.323, tel. (11) 3801-1843 QUANTO R$ 50 CLASSIFICAÇÃO 16 anos