Conselho da JBS se recusa a indicar interino para o lugar de Wesley

O conselho de administração da JBS contrariou novamente o BNDES e decidiu não indicar um presidente interino em reunião de emergência realizada nesta quarta-feira (14), após a prisão de Wesley Batista. A maior parte do colegiado entendeu que os fatos são graves, mas que deveriam evitar uma decisão precipitada. A tendência é o conselho aguardar o julgamento do habeas corpus solicitado pela defesa de Wesley para soltar o empresário. Na reunião, a conselheira Claudia Santos, representante do BNDES, chegou a pedir a indicação de um presidente interino e sugeriu o nome de Gilberto Tomazoni, atual comandante das operações globais da JBS e ex-presidente da Sadia. Mas o assunto não chegou a ser votado. Pela manhã, o BNDES já havia divulgado uma nota dizendo que “o conselho de administração é a instância adequada para escolher um presidente interino” e que “contribuiria para o melhor interesse da companhia a abertura de um processo seletivo para a escolha de um novo CEO em caráter definitivo”. Valores das ações da JBS – Em R$ Desde que estourou a delação premiada, a família Batista e o BNDES, que é o principal sócio minoritário com 21% de participação, vêm numa queda de braço pelo afastamento de Wesley. Antes da prisão, a J&F, holding que congrega os negócios dos irmãos e controla a JBS com 42% das ações, tentava pactuar com o BNDES uma transição organizada, que ocorreria em até 180 dias. Segundo executivos envolvidos nas tratativas, Tomazoni chegou a ser convidado para assumir o cargo de presidente-executivo, mas não aceitou em respeito a Wesley. Outros nomes foram cogitados: Tarek Farahat, presidente do conselho de administração da JBS e ex-P&G, e até Cledorvino Bellini, ex-presidente da Fiat. A companhia nega que esteja discutindo nomes. Achar um substituto para Wesley é uma missão delicada, porque o escolhido corre o risco de ter seus bens indisponíveis se houver um problema jurídico, já que se trata de um cargo estatutário. RESGATE Por meio das redes sociais, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, disse que “chegou a hora” de o banco “resgatar os investimentos dos brasileiros” na JBS. O comentário foi interpretado pelo mercado como uma saída do capital da empresa, mas depois o banco esclareceu que se tratava de recuperar o valor da companhia com melhor governança. Na batalha jurídica com os Batista, o BNDES solicitou assembleia de acionistas para tirar Wesley do cargo, que foi cancelada por liminar. O banco recorreu à segunda instância e aguarda decisão.