Crédito não vai crescer em 2017, diz Banco Central
Com a recuperação mais lenta do que a esperada para os financiamentos a empresas, o Banco Central reduziu sua projeção para o comportamento do crédito em 2017 de um crescimento de 1%, percentual divulgado há três meses, para estabilidade. Até o final de junho, o BC considerava que o total de recursos emprestados iria aumentar neste ano no caso do crédito imobiliário, empréstimos do BNDES e crédito rural. Esses são recursos direcionados, nos quais as empresas são maioria. Estimava também que o saldo de empréstimos para o crédito que não se enquadra nessas categorias (os chamados recursos livres) se manteria no patamar de 2016. Ou seja, a primeira categoria puxaria o crescimento. A demora na reação do crédito para pessoas jurídicas e a recuperação no caso das pessoas físicas mudaram o quadro. Agora, o BC projeta queda de 0,5% para os recursos direcionados e alta de 0,5% para os livres, levando à estabilidade no ano. “A recuperação esperada para o crédito das empresas demorou a ocorrer. Houve melhora, mas vemos que as condições de crédito ainda se revelam restritivas”, disse Fernando Rocha, do Departamento de Estatística do BC. Apesar disso, no mês passado os novos empréstimos a empresas cresceram 15,9% na comparação com julho. A alta pode ser explicada em parte pelo fato de agosto ter dois dias úteis a mais e por uma operação específica de financiamento de exportações que puxou o resultado. “O fluxo de crédito novo para empresas esboça uma certa estabilização depois de ter caído muito. É um sinal de que pode ter encontrado o fundo do poço, e podemos imaginar o último trimestre com algum crescimento”, avaliou o economista João Morais, da Tendências. A recuperação no crédito a consumidores, que tem reagido mais à queda da Selic, é mais consistente, de acordo com Morais. Os novos empréstimos a pessoas físicas subiram 4,3% em relação a julho e 7,5% em relação a agosto de 2016. JUROS E INADIMPLÊNCIA A taxa média de juros cobrada dos consumidores com recursos livres caiu de 63,8% ao ano para 62,3% ao ano entre julho e agosto. No caso das empresas, foi de 25,3% para 24,4% ao ano. A inadimplência se manteve inalterada para consumidores e empresas em 5,7% e 5,5%, respectivamente.