Dólar fecha em R$ 5,61 e tem maior patamar em um mês, após falas de Lula; Ibovespa cai

Dólar — Foto: Karolina Grabowska/Pexels

Dólar — Foto: Karolina Grabowska/Pexels

O dólar fechou em alta nesta sexta-feira (11) e atingiu o maior patamar em um mês, refletindo uma maior aversão ao risco no mercado após novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre taxação dos mais ricos.

Em entrevista à rádio O Povo/CBN, de Fortaleza, o presidente disse que quer isentar pessoas com rendimentos de até R$ 5 mil reais do pagamento do imposto de renda e afirmou que quem “vive de especulação” deveria pagar.

“O que nós queremos é isentar aquelas pessoas até 5 mil reais e no futuro isentar mais, porque na minha cabeça a ideia é que salário não é renda. Renda é o cara que vive de especulação, esse sim deveria pagar imposto de renda”, afirmou.

A sinalização de que o governo deve aumentar os gastos reacendeu as preocupações do mercado com o quadro fiscal do país.

No exterior, os últimos dados de emprego e inflação nos Estados Unidos seguiram no radar, bem como as indicações da economia na China.

O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, fechou em queda

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Ao final da sessão, o dólar subiu 0,50%, cotado a R$ 5,6146, no maior patamar em um mês. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6534. Veja mais cotações.

Com o resultado, acumulou:

  • alta de 2,92% na semana;
  • avanço de 3,08% no mês;
  • ganho de 15,71% no ano.

No dia anterior, a moeda norte-americana caiu 0,02%, a R$ 5,5866.

Já o Ibovespa encerrou em queda de 0,28%, aos 129.992 pontos.

Com o resultado, acumulou:

  • queda de 1,37% na semana;
  • perdas de 1,38% no mês;
  • recuo de 3,12% no ano.

Na véspera, o índice subiu 0,30%, aos 130.353 pontos.

O que está mexendo com os mercados?

Atualmente, está isento quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.824). As falas vieram após o presidente ser questionado, em entrevista à rádio O Povo/CBN, sobre a proposta em análise pelo governo de criar uma espécie de “imposto mínimo de milionários” para compensar a perda de arrecadação com a mudança na tabela de isenção.

“O rico paga proporcionalmente menos imposto do que o trabalhador. Eu acho que nós temos que tirar de alguém. E esse debate, para mim, não tem que ser feito um debate escondido, não. Tem que ser público”, afirmou.

A isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil é uma promessa de campanha de Lula, que de tempos em tempos reafirma que pretende cumprir o compromisso até o final do mandato, em 2026.

Além das declarações de Lula, o mercado ainda terminou a semana repercutindo dados divulgados nos últimos dias, principalmente os de inflação, divulgados no Brasil e nos Estados Unidos,

Isso fez o mercado reforçar suas expectativas de que o Banco Central do Brasil (BC) deve continuar elevando a Selic, taxa básica de juros, nos próximos meses.

Segundo Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, um ponto importante para a análise sobre os juros é o crescimento robusto da economia, comprovado, também, pelos números fortes do comércio. “Embora esse crescimento seja positivo para a atividade doméstica, pode gerar pressões inflacionárias ou retardar o ritmo de desaceleração”, afirmou.

“Diante de uma atividade econômica mais forte do que esperado, de uma inflação que deve terminar o ano próximo da banda superior da meta, de expectativas de inflação desancoradas e uma taxa de câmbio acima de R$ 5,50, o BC deve continuar o ciclo de ajuste da taxa de juros”, disse Sung.

Já lá fora, a inflação também subiu, a 0,2% em setembro, mas mostrando uma desaceleração, ao mesmo tempo em que o mercado de trabalho americano dá sinais de arrefecimento.

Com os dados divergentes, investidores esperam que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) continue cortando os juros no país, mesmo que com menor intensidade.

Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, o mercado prevê uma chance de 84,3% de que o Fed reduza as taxas básicas norte-americanas em 0,25 ponto percentual na reunião de novembro.