Dólar oscila com mercado de olho na ampliação da faixa de isenção do IR no Brasil

Nota de dólar — Foto: Cris Faga/Dragonfly/Estadão Conteúdo

Nota de dólar — Foto: Cris Faga/Dragonfly/Estadão Conteúdo

O dólar oscila entre altas e baixas nesta terça-feira (18), com o mercado repercutindo o anúncio da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda no Brasil.

O governo estima que a medida custará cerca de R$ 26 bilhões em 2026. Diante disso, o mercado analisa o que foi proposto para compensar esse impacto: taxar quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano.

O mercado também aguarda as decisões de juros dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos na quarta-feira.

  • Brasil: investidores esperam que o Banco Central (BC) anuncie mais uma alta de 1 ponto percentual da taxa básica de juros, que hoje está em 13,25% ao ano. Assim, a taxa Selic deve atingir o maior patamar desde o governo Dilma Rousseff.
  • EUA: nesta “Superquarta”, dia em que as decisões de juros do Brasil e dos EUA coincidem, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve manter suas taxas de juros entre 4,25% e 4,50% ao ano.

Os dados são monitorados de perto porque juros altos por um período longo podem ajudar a reduzir a inflação, mas costumam causar uma desaceleração na atividade econômica.

O “tarifaço” de Trump também continua a ser analisado, pois o potencial inflacionário e a perspectiva de uma guerra comercial entre grandes economias preocupam.

Na Alemanha, está no radar dos investidores a votação de uma proposta de aumento maciço no endividamento estatal. A medida tem como objetivo reforçar a defesa do país e poderá impulsionar a maior economia da Europa.

Nesta segunda-feira (17), a moeda americana fechou em queda, a R$ 5,68, o menor patamar desde novembro. E o dia também foi positivo para o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

Na segunda-feira (17), a moeda americana teve baixa de 0,99%, cotada a R$ 5,6863, no menor patamar desde 7 de novembro.

💲Com o resultado, acumulou:

  • queda de 0,99% na semana;
  • recuo de 3,89% no mês; e
  • perda de 7,98% no ano.

📈Ibovespa

No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,31%, aos 131.245 pontos.

Na segunda-feira, o índice teve alta de 1,46%, aos 130.834 pontos, fechando no maior patamar desde outubro do ano passado (131.212 pontos).

Com o resultado, o Ibovespa acumulou:

  • alta de 1,46% na semana;
  • avanço de 6,54% no mês; e
  • ganho de 8,77% no ano.

O que está mexendo com os mercados?

O mercado acompanha com atenção o projeto que o presidente Lula vai enviar ao Congresso nesta terça para ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda para pessoas físicas no Brasil.

De acordo com cálculos da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco), a medida vai isentar do IR quase 13 milhões de contribuintes a mais.

A semana também começou com expectativa sobre os juros no Brasil e nos EUA, como dito anteriormente. No Brasil, o mercado espera que a taxa Selic suba 1 ponto percentual, chegando a 14,25% ao ano.

🔎 Juros mais altos tornam o crédito mais caro, reduzindo o consumo e ajudando a controlar a inflação. Mas esse efeito demora alguns meses para ser sentido na economia.

Dados do último Boletim Focus — relatório do BC que reúne as projeções de economistas do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos do país —, divulgado nesta segunda-feira, indicam que o mercado espera um IPCA acumulado de 5,66% em 2025.

É uma leve desaceleração em relação à projeção anterior de 5,68%, mas ainda está bem acima da meta do BC, que é de 3% ao ano (e margem de tolerância entre 1,5% e 4,5%).

Investidores também estão de olho no IBC-Br, que é uma prévia do PIB. O indicador cresceu 0,9% em janeiro, o melhor resultado desde junho de 2024, superando a expectativa de 0,2%.

Comparado a janeiro do ano passado, o crescimento foi de 3,6%. Nos 12 meses até janeiro de 2025, o crescimento foi de 3,8%.

Cenário externo: EUA, Alemanha e China

  • As atenções estão voltadas para o Federal Reserve (Fed). Espera-se que o banco central dos Estados Unidos mantenha as taxas entre 4,25% e 4,50% ao ano.
  • O mercado acredita que o Fed deve manter cautela com seus juros para evitar uma inflação descontrolada.
  • O país tem uma inflação acima da meta de 2%, com os preços estabilizados em 3% ao ano.
  • Também há preocupações com a política de tarifas de Donald Trump, cujas medidas podem aumentar a pressão sobre os preços e afetar o consumidor.
  • Produtos mais caros podem reduzir o consumo dos norte-americanos, levando a uma desaceleração ou até uma recessão na maior economia do mundo.
  • Além disso, o mercado está de olho nesta terça no telefonema que Trump tem agendado com o presidente russo Vladmir Putin, para tentar um acordo que coloque fim à guerra na Ucrânia.

✅ Alemanha

  • Nesta terça-feira, a câmara baixa do parlamento alemão vai votar uma proposta que permite um aumento maciço no endividamento estatal, com o objetivo de reforçar a defesa do país.
  • Os analistas de mercado acreditam que a expansão fiscal poderá impulsionar a maior economia da Europa e estimular o crescimento em toda a região. O euro, inclusive, ganhou força nas últimas semanas por causa disso.

📋O que o plano propõe

  • Aumentar a renda em áreas urbanas e rurais, incluindo reformas habitacionais para melhorar a condição financeira dos agricultores
  • Estabilizar o mercado de ações, mas os detalhes sobre a implementação ainda não foram divulgados.
  • Subsídios para cuidados infantis e incentivo ao emprego flexível e a mais serviços como clínicas pediátricas noturnas em hospitais gerais.
  • Incentivos a serviços de cuidados infantis comunitários e administrados por empregadores.
  • Direitos trabalhistas, com ampliação de férias anuais remuneradas e a criação de feriados curtos.
  • Elevação dos subsídios financeiros das pensões básicas para residentes urbanos e rurais.
  • Expansão do turismo, permitindo que mais estrangeiros visitem a China sem necessidade de visto.

*Com informações da agência de notícias Reuters