Doria não tem vínculo com o PSDB, diz Alberto Goldman
Alberto Goldman comenta com bom humor a guerra virtual em que se envolveu nos últimos dias com João Doria, prefeito de São Paulo e seu correligionário no PSDB. “Ele disse que eu agora ‘vivo de pijamas em casa’. Na verdade, quase não uso pijama e estou muito ativo. Fico muito pouco em casa”, disse o ex-governador de São Paulo, atualmente um dos vice-presidentes do PSDB, emendando uma risada em seguida. A queda de braço começou na última sexta (6), quando Goldman veiculou nas redes sociais vídeo em que critica duramente Doria. “Ele é político sim, um dos piores políticos que nós já tivemos em São Paulo”, afirmou na gravação. “Nesses nove meses, o prefeito ainda não nasceu. O prefeito ainda está em gestação. A única coisa que nasceu até agora foi um candidato à Presidência da República”. No sábado (7), Doria também divulgou um vídeo em resposta, no qual fez a menção ao pijama e chamou Goldman de “improdutivo, fracassado”. “Fique com sua mediocridade que eu fico com o povo”, declarou. O ex-governador rebateu no mesmo dia. Classificou o comentário de Doria de “raivoso, prepotente, arrogante e preconceituoso”. “Sou velho, mas não sou velhaco”. À Folha, no domingo (8), Goldman disse que a cidade está “jogada às traças”. “Os jornais mostram que a situação é calamitosa em todos os bairros de São Paulo. Enquanto isso, o prefeito é candidato a presidente, só viaja, recebendo homenagens de cidades com as quais não tem nenhuma relação, pelas quais nunca fez nada”. Goldman conta ter recebido muitas mensagens de apoio nos últimos dias. Avalia que a queda da aprovação à gestão Doria, constatada pelo instituto Datafolha, comprova o acerto de suas críticas. Segundo pesquisa divulgada no domingo (8), o índice de ótimo/bom caiu de 41%, em junho, para 32%. Já a parcela que considera a administração Doria ruim/péssima passou de 22% para 26% no mesmo período. A avaliação regular saltou de 34% para 40%. “É um espelho da realidade”, conta Goldman. “Ele começou com um quadro muito favorável. Aproveitou que havia uma reação forte antipetista na sociedade e galopou o tempo inteiro nisso, ser o anti-Lula. Aos poucos, porém, a população começa a perceber que não há nada além disso”. DISPUTA PELO PLANALTO O Datafolha aponta que 58% dos paulistanos preferem que Doria permaneça como prefeito, contra 10% que querem vê-lo na disputa pelo Planalto. Outra má notícia para o prefeito: para 45% dos eleitores da cidade, o governador Geraldo Alckmin deveria ser o candidato do PSDB à Presidência da República. Doria tem 31% das preferências. Ambos travam nos bastidores uma batalha pela indicação. Goldman acredita que sejam poucas as chances de Doria ser o candidato do partido. “O momento em que ele conseguiu enganar muita gente já passou”. Alckmin, diz, é hoje o nome mais consistente do PSDB para concorrer ao cargo. Não descarta, porém, que Doria dispute a eleição de 2018 por outra sigla. “Se ele encontrar algum partido que lhe dê condições, irá com certeza. A relação dele com o PSDB é puramente utilitária. Quando não tiver mais utilidade, ele buscará outro. Doria não tem vínculo, não tem compromisso com o PSDB nem com as ideias do partido”. A relação tensa entre Goldman e Doria teve início no ano passado, nas prévias para escolher o tucano que disputaria a Prefeitura de São Paulo. O ex-governador acusou o hoje prefeito de comprar votos para vencer a disputa interna pela indicação da sigla.