Em contraponto a Doria, Alckmin diz que vai a eventos depois do expediente

Em Belo Horizonte para participar de uma palestra para empresários, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou nesta segunda-feira (18) que tem procurado deixar compromissos não oficiais para depois do expediente ou para os fins de semana. “Estou procurando fazer agendas que não são estritamente oficiais à noite ou nos fins de semana. Estou vindo com passagem paga do meu bolso, hotel do meu bolso”, disse. A estratégia é para se diferenciar do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afilhado de Alckmin, que o ameaça na corrida à Presidência do ano que vem. Doria esteve em Porto Alegre (RS) nesta segunda, e afirmou em redes sociais que viaja com o próprio dinheiro. O Ministério Público abriu procedimento preparatório de inquérito para investigar as viagens do prefeito. Alckmin chegou a Minas às 17h30 e cancelou os compromissos que teria durante a tarde, incluindo encontros com políticos tucanos e com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), além de entrevistas a veículos locais. O governador afirmou ainda que defende a realização de prévias pelo PSDB para a escolha do candidato tucano à Presidência e que não guarda rancor de Doria. “Se tivermos mais de um candidato, eu defendo que a gente faça, no início do ano que vem, as prévias. Eu pretendo, no momento adequado, não é esse o momento agora, disputar a prévia.” Durante a palestra, houve um momento de referência implícita a Doria. Ao ser questionado pela plateia sobre o que é ser novo, Alckmin ponderou: “É nunca ter tido mandato parlamentar, político, experiência? No mundo inteiro, para dirigir um Boeing primeiro aprende num monomotor, depois num bimotor, num jatinho, vira copiloto, para depois pegar o manche”. Depois, concluiu que ser novo “é defender o coletivo”. “No país as corporações são muito fortes e tomaram conta. […] O interesse coletivo é órfão todo dia”, completou. LIDERANÇAS Alckmin estava acompanhado pelo senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). Questionado sobre a ausência do senador Aécio Neves (PSDB-MG), maior liderança tucana em Minas, o governador afirmou que recebeu uma ligação do colega, que tinha outros compromissos. O governador disse ainda que espera o apoio de Aécio. “Não é esse o momento, mas se vier a ser candidato, tive o apoio do Aécio quando fui candidato, ficarei muito honrado se o tiver novamente.” Alckmin também defendeu Aécio, acusado de ter recebido propina a partir da delação da JBS. “Aécio tem serviço prestado a Minas Gerais. Ele saberá se defender, esclarecer as questões, vamos aguardar”, disse. Também acompanharam o governador deputados federais de Minas, como Marcus Pestana (PSDB) e Domingos Sávio (PSDB), presidente do partido no Estado. Para o governador paulista, “Minas é a síntese do Brasil” e “interpreta a alma do brasileiro”. Também defendeu reformas e disse que “o momento é de esperança, de que o país vai retomar o crescimento, o emprego e a renda”. Outros pré-candidatos à Presidência, como Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSC), estiveram no Estado recentemente para encontros políticos e palestras. Alckmin também voltou a dizer que o favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas é apenas recall e que a opinião do eleitorado muda a poucos dias da eleição. LEGITIMIDADE Em recado ao presidente Michel Temer (PMDB), Alckmin aformou que as eleições darão legitimidade para que o próximo presidente realize “reformas necessárias”. “Quem ganhar vai ter 70 milhões de votos. A legitimidade disso é impressionante. Para fazer todas as reformas no primeiro ano. Se possível, nos primeiros seis meses. E aprova, porque vem com uma força. Esse é o lado bom do presidencialismo.” Alckmin foi questionado ainda sobre corrupção e afirmou que o Brasil vai sair melhor desse “affair”. Também defendeu a reforma política para agir nas causas do problema, como a promiscuidade entre público e privado. “O ser humano é imperfeito. O que não pode ter é impunidade, porque estimula a vida delituosa.”