Empresas em ascensão dividem capacidade de mudar rota se preciso

Ter um alto ritmo de crescimento no faturamento é o sonho de todo empresário. E, mesmo durante a crise, uma categoria de empresas tem conseguido atingir a meta. São as scale-ups, que crescem, no mínimo, 20% ao ano, seja em receita ou em número de funcionários, por pelo menos três anos seguidos. Essas empresas, segundo uma pesquisa deste ano da Endeavor, respondem por mais de R$ 250 bilhões em valor adicionado ao PIB do país, ou cerca de 5% do total. Mas não é preciso criar um produto revolucionário para chegar lá. “O segredo é oferecer um serviço, mesmo que comum, com uma abordagem mais eficiente que a média”, diz Guilherme Fowler, pesquisador do Insper. Não há fórmula mágica para que uma empresa se torne uma scale-up, mas Fowler cita alguns pilares vitais: estratégia de crescimento acelerado e capacidade de adaptar o modelo de negócio e de atender bem à demanda -há quem cresça sem estrutura para receber novos clientes. % de scale-ups em relação ao tempo de existência – Em anos “É preciso ter uma ideia do futuro, quando a maioria está olhando para o momento atual, e se adaptar”, diz o coordenador dos cursos de gestão do Centro Universitário Newton Paiva, Leandro Diniz. Parece difícil, mas, segundo o levantamento, 92% das scale-ups são pequenas ou médias. A maioria -cerca de 20%- é de varejo. Foi essa capacidade de corrigir a rota durante o percurso que garantiu à Asaas, empresa de gestão de pagamentos e cobranças, seu sucesso. Em 2004, Piero Contezini, fundador da firma, criou uma fábrica de software e percebeu como era difícil cobrar dos clientes, especialmente os de pequeno porte. Média de sócios por empresa – Número de funcionários Contezini viu ali um nicho de mercado e começou a desenvolver seu produto. No ano passado, a empresa aumentou o faturamento em cerca de 320%. Já Nilson Filatieri, fundador da Eadbox, plataforma de treinamentos profissionais, tem hoje 80 funcionários. No ano passado, viu os negócios crescerem 130%, mas nem sempre a trajetória de suas empresas foi positiva assim. Filatieri quebrou outras duas empresas antes de chegar à ideia atual. Sua primeira tentativa foi um curso de inglês por celular. Outra ideia que naufragou foi uma plataforma on-line de venda de cursos. TESTE A PROPOSTA Um ponto importante para quem quer começar um negócio é testar a proposta com um grande número de potenciais clientes antes de colocar o projeto na rua. “Não basta ter uma boa ideia. Tem que saber se as pessoas estão interessadas nela”, diz Filatieri. % do total de Scale-ups, por tamanho da cidade – Número de habitantes André Krummenauer, um dos fundadores da Involves, plataforma de gestão de trade marketing e monitoramento de equipes, corrigiu o rumo da empresa na prática. Sua ideia inicial era criar um negócio de tecnologia para empresas de formatura. Para validar a ideia, Krummenauer conversou com mais de 20 empresas do ramo no Estado de Santa Catarina.”O negócio tomou outro rumo, mas esse contato foi um bom pontapé inicial”, afirma. % de scale-ups por número de funcionários – Problemas podem surgir, mas se o empreendedor já testou a ideia e tem dados que a respaldem, vale a pena seguir com os planos. “Mas não vale gostar tanto do modelo a ponto de morrer abraçado a ele”, alerta Silva, da Newton Paiva. * Veja livros que podem ajudar a impulsionar o negócio A Mentalidade do Fundador AUTOR Chris Zook e James Allen EDITORA Figurati QUANTO R$ 26,90 Os autores tentam descobrir por que a maioria das empresas não bate suas metas de crescimento e mostram como ter a mentalidade certa para chegar lá O Melhor do Mundo AUTOR Seth Godin EDITORA Sextante QUANTO R$ 18 Godin explica como reconhecer se vale a pena investir tempo e esforço em algumas situações profissionais e desistir, quando necessário O Lado Difícil das Situações Difíceis AUTOR Ben Horowitz EDITORA WMF Martins Fontes QUANTO R$ 28,40 O empreendedor conta como fundou e dirigiu empresas de tecnologia no Vale do Silício, com dicas de administração na prática Como o Google Funciona AUTOR Eric Schmidt e Jonathan Rosenberg EDITORA Intrínseca QUANTO R$ 28,02 Schmidt, ex-presidente do Google, e Rosenberg, ex-diretor de produtos, explicam o que está por trás da mentalidade de inovação da gigante de tecnologia e dão dicas de gestão Fonte: Endeavor