Ex-primeira-ministra da Tailândia é condenada a cinco anos de prisão
Uma corte tailandesa condenou à revelia a ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra a cinco anos de prisão por negligência na gestão de um programa de subsídios à produção de arroz, nesta quarta (27). Seu governo foi derrubado por um golpe militar em 2014 e, no passado, Shinawatra havia declarado que o processo contra ela tinha motivação política. Acredita-se que ela tenha fugido há mais de um mês do país. Seus advogados declararam não saber onde ela se encontra. Ré no mesmo processo, sua ministra do comércio foi condenada a 42 anos por orquestrar uma venda de arroz falsa entre órgãos do governo. O programa de subsídios à produção de arroz foi um dos maiores responsáveis pelo bom desempenho do partido de Shinawatra, o Pheu Thai, nas eleições gerais de 2011. O governo pagava aos fazendeiros tailandeses cerca de 50% a mais que o valor de mercado pelo arroz produzido no país. Os grãos eram então armazenados com o objetivo de diminuir a oferta e assim forçar um aumento de preços –o que não aconteceu. Em vez de valorizar o arroz tailandês, o programa possibilitou que outros países produtores ganhassem espaço no mercado vendendo a preços competitivos. Como resultado, Vietnã e Índia substituíram a Tailândia como principais exportadores, enquanto toneladas de arroz ficaram encalhadas nos armazéns do governo. A acusação argumentou que Shinawatra era culpada de abandono de dever. Seus críticos afirmam que a motivação por trás do programa de subsídios era política; usando verbas federais, ela garantiria o apoio do eleitorado rural. O regime militar tailandês tem repetidamente processado Shinawatra. Em uma ação administrativa, suas contas bancárias foram congeladas e ela foi julgada pessoalmente responsável pela de perda de US$ 1 bilhão, de um total de US$ 7 bilhões, causada pelos subsídios. Promotores justificaram a alta penalidade argumentando que ela teria ignorado avisos de corrupção e prosseguido com o programa. Apoiadores da ex-primeira-ministra defendem sua inocência e afirmam que os processos contra ela são parte de um esforço para minar a influência política de seu irmão, Thaksin Shinawatra, que também foi primeiro-ministro. Deposto do cargo por um golpe militar em 2006, Thaksin, um magnata dos meios de comunicação, havia sido acusado de abuso de poder, corrupção e desrespeito à monarquia tailandesa. Ele vivo em exílio autoimposto para evitar cumprir uma condenação de 2008 por conflito de interesses. Como sua principal herdeira política, Yingluck foi eleita primeira-ministra em 2011, e, segundo seus partidários, teria se tornado alvo dos inimigos de seu irmão.