Fachin homologa delação de Funaro, e PGR mantém plano de acusar Temer

O ministro Edson Fachin, relator dos casos da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), homologou (validou) a delação premiada do corretor de valores Lúcio Funaro. O procedimento está em sigilo. Preso em Brasília desde julho de 2016, Funaro forneceu informações à PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo principalmente políticos do PMDB. Ele é apontado por investigadores como operador de propina ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso no Paraná. As informações prestadas por Funaro devem ser usadas na segunda denúncia contra o presidente Michel Temer –a primeira, por acusação de corrupção passiva, foi suspensa pela Câmara dos Deputados em agosto. O presidente é investigado por suspeitas de participar de organização criminosa junto com integrantes do chamado “PMDB da Câmara” e de obstruir a Justiça. Para o procurador-geral, Rodrigo Janot, Temer deu aval para o empresário Joesley Batista, dono da JBS, fazer pagamentos à família de Funaro com o objetivo de que ele não dissesse o que sabe sobre esquemas ilícitos. Segundo a Folha apurou, procuradores mantêm o cronograma de trabalho para denunciar Temer novamente nos próximos dias, apesar de a delação dos executivos da JBS, que gerou a investigação sobre o presidente, estar sob risco. Nesta segunda (4), Janot abriu investigação para apurar indícios de que três executivos do grupo J&F, dono da JBS, omitiram informações sobre crimes, o que é vedado em delações. Janot afirmou que, mesmo que os benefícios dos delatores, entre eles os de Joesley Batista, venham a ser revistos, há previsão legal para que as provas obtidas por meio da delação continuem válidas e sejam usadas em processos. Agora, conforme a reportagem apurou, procuradores só esperam a Polícia Federal concluir um inquérito sobre o “PMDB da Câmara”, conhecido como “quadrilhão”, para utilizar as informações na nova denúncia contra Temer. O “quadrilhão” envolve ainda outros 15 suspeitos, como Cunha e o ex-deputado Henrique Alves (PMDB-RN). A DELAÇÃO Funaro assinou o acordo com a PGR no final de agosto. Os investigadores enviaram o material a Fachin, que em seguida devolveu os documentos para que a Procuradoria fizesse ajustes em uma cláusula que tratava de improbidade administrativa.