Governo espanhol dinamitou diálogo, diz assessor internacional catalão
O governo espanhol diz que, no lugar do plebiscito de domingo, preferia dialogar com as autoridades catalãs. Albert Royo diz que esperou demais. “Há sete anos temos pedido que o governo se sente para negociar, mas não houve debate”, afirma. Royo é o diretor-geral do Conselho de Diplomacia Pública da Catalunha, entidade criada pelo governo catalão para servir como uma espécie de Ministério das Relações Exteriores da região. “Há uma resposta policial e repressiva. Detiveram oficiais, fecharam páginas na internet, foram contrários à liberdade de expressão”, afirma. “Me surpreende que peçam um debate.” * Folha – Haverá um plebiscito neste domingo? Albert Royo – Sim. Vamos fazê-lo. A pergunta é o que Madri está disposta a fazer. Se vão usar a força. A solução deste conflito político passa pelas urnas. O governo central afirma que a solução era negociar, e não realizar um plebiscito. Há sete anos temos pedido que o governo se sente para negociar, mas não houve debate. Dizem que é ilegal, que não podemos perguntar à população. Há uma resposta policial. Detiveram oficiais, fecharam páginas na internet, foram contrários à liberdade de expressão. Me surpreende que peçam debate. De onde vem a necessidade de fazer este plebiscito? Depois de quatro décadas de ditadura, o grande acordo nacional era a recuperação da autonomia catalã. Esse acordo foi pelos ares em 2010 quando o Tribunal Constitucional esvaziou a autonomia. Quando tentamos aprovar leis, o governo da Espanha recorre a esse tribunal. Quais leis? Por exemplo, a lei de proteção às famílias que não podem pagar a conta de luz. A lei que impunha impostos às centrais nucleares. A lei a favor da igualdade de gênero. A lei proibindo as touradas. Eram competência do Parlamento catalão, mas foram suspensas. O Estado dinamitou o consenso. Por que ser independente? A justificativa mais comum é a de que, com um Estado próprio, as pessoas viveriam melhor, com uma democracia mais saudável. Mas o que acontece com quem não quer se separar? Será necessária uma política de integração. Serão ouvidos no processo quando escrevermos a Constituição.