Grupo J&F assina transferência e assume distribuidora de energia do Amazonas; disputa jurídica segue

Funcionário da Amazonas Energia, em imagem de arquivo — Foto: Amazonas Energia/Divulgação

Funcionário da Amazonas Energia, em imagem de arquivo — Foto: Amazonas Energia/Divulgação

A Âmbar Energia, do grupo J&F, assinou nesta quinta-feira (11) o termo de transferência para assumir o controle da distribuidora do Amazonas, a Amazonas Energia.

Em nota, a Âmbar disse que o contrato efetivamente assinado garante segurança jurídica porque diz que o negócio só será concluído e efetivado, de fato, se a decisão atual seguir vigente até 31 de dezembro.

“O contrato assinado dá a segurança jurídica necessária ao negócio, uma vez que a Âmbar só assumirá a distribuidora caso a decisão judicial que determinou a assinatura do termo seja estabilizada até 31 de dezembro. A Âmbar espera que esse desfecho ocorra o quanto antes, permitindo a conclusão da operação e o foco absoluto na prestação de serviços de excelência para a população do Amazonas”, diz a nota.

Plano aprovado

No último dia 1º, a Aneel aprovou o plano de transferência para a Âmbar. Contudo, os termos aprovados foram determinados pela área técnica, com custos menores aos consumidores, de R$ 8 bilhões.

Isso significa, na prática, que a Âmbar teria que arcar com uma parte maior dos custos de incorporar a Amazonas Energia. O que, segundo a Âmbar, tornaria o negócio pouco vantajoso.

A juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe, no entanto, emitiu uma decisão favorável à Âmbar e ordenou que a Aneel aprovasse o plano original da venda – que prevê um repasse às contas de luz bem maior, de R$ 14 bilhões.

O despacho da Aneel, assinado por Sandoval Feitosa, foi publicado “sub judice” — ou seja, sob pena de anulação caso a decisão da juíza seja revertida.

O processo segue ativo na Justiça e, com isso, pode haver novas reviravoltas no contrato.

Aneel aprova transferência do controle da Amazonas Energia para Âmbar Energia

Aneel aprova transferência do controle da Amazonas Energia para Âmbar Energia

Medida provisória

A Âmbar Energia teve que correr contra o tempo para aprovar a transferência de controle.

🕐 Isso porque o governo Lula publicou uma medida provisória que prevê a venda da Amazonas Energia com flexibilizações de custos, transferidas ao consumidor, o que torna o negócio mais atrativo para a empresa.

🕐 Contudo, por falta de deliberação pelo Congresso, essa MP perdeu validade nesta quinta (11). Ou seja: se ultrapassasse esse prazo, a Âmbar não poderia usar essas condições mais vantajosas para celebrar o contrato.

Por causa da MP, os seguintes custos da distribuidora podem ser transferidos para a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) – paga por todos os consumidores:

▶️ furtos de energia, que são altos no Amazonas;

▶️ ônus com sobrecontratação involuntária –quando a distribuidora tem mais geração de energia contratada que o consumo de seus clientes;

▶️ e outras despesas regulatórias, como custos operacionais e receitas irrecuperáveis (contas de consumidores inadimplentes).

A medida provisória também permite a transferência de contratos de seis usinas termelétricas do regime de “compra e venda de energia” para “reserva de energia”. As usinas foram compradas pela Âmbar Energia dias antes da publicação da MP.

A conversão significa que as termelétricas contratadas diretamente pela Amazonas Energia por meio de receitas próprias e da Conta de Consumo de Combustíveis – um encargo na conta de luz para bancar usinas na região Norte – passarão a ser custeadas exclusivamente pelos consumidores.

Isso reduz a sobrecontratação da Amazonas Energia e reduz o risco de inadimplência para as usinas. Tanto as termelétricas quanto a distribuidora foram compradas pela Âmbar.