Janot escondeu envolvimento de Miller com JBS, diz Gilmar

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira (6), em Paris, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acobertou seu ex-braço direito, o ex-procurador Marcello Miller. Miller é suspeito de ter atuado em favor de executivos da JBS envolvidos em delações premiadas no âmbito da Lava Jato. Ele é um dos principais citados em novos áudios gravado pelo empresário Joesley Batista e o lobista Ricardo Saud, que se tornaram públicos na terça (5). “Todos sabiam do envolvimento do Marcello Miller nesse episódio, só o doutor Janot que o escamoteava, que o escondia”, afirmou Mendes, ao dizer que as supostas manobras do ex-procurador eram um “segredo de carochinha” em Brasília. Mendes também acusou a Procuradoria-Geral da República, sob a batuta de Janot, de ter feito “contratos criminosos” com delatores da Lava Jato. “Ele [Janot] fez jus a tudo o que ele plantou durante todos esses anos e isso vai ser a marca que nós vamos guardar dele: o procurador-geral da delação Joesley, desse contrato com criminosos e desta fita”, disse o magistrado. LULA E DILMA Sobre as denúncias apresentadas nessa terça-feira por Janot contra os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff —entre outras lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT)— Gilmar Mendes disse ainda não ter “dados” para analisar a causa. O magistrado, mais uma vez, preferiu fazer uma análise política da situação. “Eu imagino que o procurador-geral pensou em fazer um grand finale, oferecendo várias denúncias, inclusive a última contra o presidente da Republica”, disse Mendes. Irônico, o magistrado completou: “Acho que ele conseguiu coroar dignamente o encerramento de sua gestão com esse episódio Joesley”. Gilmar Mendes, que preside o Tribunal Superior Eleitoral, encerra nesta quarta-feira uma viagem oficial de uma semana pela Europa. Antes de chegar à capital francesa, ele passou por Bucareste, na Romênia, onde participou de uma conferencia internacional sobre processos eleitorais. Em Paris, o ministro encontrou autoridades responsáveis pelas eleições na França.