Kim Kataguiri ataca esquerda e PT em livro a ser lançado neste domingo
Um dos expoentes da nova direita brasileira, Kim Kataguiri reúne suas colunas publicadas no site da Folha entre janeiro de 2016 e março de 2017 no livro “Quem É Esse Moleque para Estar na Folha?” (Simonsen, 152 págs.). A questão da pouca idade do hoje estudante de direito de 21 anos inspira o título e é lembrada no prefácio assinado por Janaína Paschoal. Professora de direito na USP, ela foi uma das signatárias do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016. Atribui a Kim “textos mais maduros do que os escritos por colunistas que têm o dobro (quem sabe o triplo) de sua idade”. Com efeito, há diversas críticas feitas a colunistas do jornal identificados à esquerda do espectro político, como Janio de Freitas, Gregório Duvivier e Vladimir Safatle. Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto e também ex-colunista do site da Folha, protagoniza as altercações mais agudas com Kim –fundador e líder do MBL (Movimento Brasil Livre), organização surgida no fim de 2014 na esteira dos protestos contra Dilma. Ao longo de seus 48 textos, o tema predominante é o antipetismo que ascendeu com o processo de impeachment. Nesse sentido, o livro permite observar o desenvolvimento dessa novidade da vida pública brasileira, ainda que Kim use hipérbole para definir o papel do MBL e movimentos afins na queda da presidente. “Derrubamos a Dilma”, sentencia, dando peso preponderante às manifestações de rua que efetivamente foram combustível para o impeachment, mas não sua razão solitária –crise econômica e conjuntura política levaram ao uso do crime fiscal das pedaladas como razão para o impedimento. À crítica de que suas posições seriam “retrógradas”, Kim rebate. “Num país em que a esculhambação é a regra, defender as instituições e o império da lei é o que é revolucionário.” Ele também defende a entrada do MBL na política formal, o que ocorreu nas eleições municipais de 2016. As colunas atiram contra o ideário associado à esquerda brasileira, mas não refletem a crescente retórica conservadora relativa a costumes que o MBL assumiu, como no episódio em que defendeu o boicote a uma exposição com temática gay que acabou cancelada em Porto Alegre. Sobram críticas a figuras como o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) e o senador petista Lindbergh Farias (RJ), curiosamente um personagem que também surgiu jovem no escopo de manifestações de rua, no caso pelo impeachment de Fernando Collor em 1992. * QUEM É ESSE MOLEQUE PARA ESTAR NA FOLHA? AUTOR: Kim Kataguiri EDITORA: Simonsen (152 págs.) PREÇO: R$ 39,90 LANÇAMENTO: Na Fnac da Paulista (avenida Paulista, 901). Neste domingo (24), a partir das 15h