‘Lino’ traz qualidade à produção nacional de animação
LINO (bom) DIREÇÃO Rafael Ribas PRODUÇÃO Brasil, 2017, livre Veja salas e horários de exibição * Alguma vez na vida, você já deve ter se solidarizado com as agruras de um animador de festa infantil. Horas intermináveis embaixo de uma fantasia quente, peluda, fedida e sendo perseguido por crianças enlouquecidas no meio do salão. Lino, personagem que dá nome à animação brasileira produzida pela StartAnima, é um retrato exagerado e engraçado dos dramas enfrentados por parte desses profissionais. Sob direção de Rafael Ribas e distribuição da Fox Film, “Lino” chega aos cinemas para fazer frente com filmes que levam a assinatura de gigantes como Disney-Pixar e Universal. O resultado se revela uma boa notícia à produção cinematográfica nacional do gênero. Principalmente quando se considera o orçamento empregado: R$ 6 milhões –uma “mixaria” perto dos US$ 80 milhões gastos em “Meu Malvado Favorito 3” ou dos US$ 175 milhões envolvidos na realização de “Carros 3”, por exemplo. Para não começar essa árdua disputa em desvantagem, o estúdio brasileiro utilizou um software de geração de imagens desenvolvido pela Pixar, o que garantiu a “Lino” um visual gráfico digno das animações americanas mais modernas. Também apostou numa trama “madura”, sobre superação, dirigida não só aos pequenos, mas à toda a família. Por isso, o longa é recheado de referências ao universo dos adultos, como He-Man, “De Volta para o Futuro” e a eterna discussão biscoito X bolacha. Azarado ao extremo, Lino –numa dublagem inspirada de Selton Mello– leva uma vida absolutamente frustrada sob a fantasia do gato amarelo e vermelho que (des)anima festinhas infantis. Cansado de tanta desgraça, ele cai na lábia do guru charlatão Don Leon, e seus problemas começam pra valer. O animador se transforma no próprio gato, é confundido com o “maníaco da fantasia”, passa a ser perseguido pela polícia e ainda precisa dar conta de uma menininha que literalmente gruda nele. Embora criativo, o roteiro derrapa. Falta timing cômico à atrapalhada dupla de tiras formada por Osmar e Mellos (o trocadilho não é mera coincidência), e a overdose de piadinhas sobre pum –sempre elas– desfavorece. O desfecho exagera no quesito autoajuda e se torna quase didático. Esses deslizes, porém, não ofuscam os méritos de “Lino”. Um filme simpático, divertido e bem executado, que não deixa nada a dever a muitos desenhos gringos. Assista ao trailer de ‘Lino’ Assista ao trailer de ‘Lino’