Livros do vestibular estão entre os menos devolvidos em bibliotecas de SP

Esquecer de devolver livros à bibliotecas é uma prática comum entre o público que a frequenta. O número de obras que nunca retornaram às estantes de 58 unidades da cidade —estaduais e municipais— somam 66.588 exemplares. A quantidade poderia encher uma biblioteca grande. A estadual Biblioteca de São Paulo tem o maior índice de empréstimos em atraso, com 12.210 livros. Os dados são das secretarias Estadual e Municipal de Cultura e foram obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação. Os títulos do vestibular se destacam na lista dos menos devolvidos —formulada com base na análise dos dados das cinco bibliotecas-polo da cidade (uma para cada zona), das três centrais e das duas estaduais, entre janeiro de 2008 e dezembro de 2016. “O Cortiço”, romance de Aluísio Azevedo, lidera a lista, com 87 exemplares que não retornaram às estantes. A história de João Romão supera best-sellers, como “A Cabana” (44 exemplares não devolvidos) e “O Pequeno Príncipe” (42), e até sagas completas, como as trilogias “Crepúsculo” (78, somando todos os títullos) e “Cinquenta Tons de Cinza” (50). “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, e “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, aparecem logo em seguida na lista (abaixo). Todos são leitura exigida pelos vestibulares da USP e da Unicamp. Mireli Barbosa, 20, é de Bauru e quer cursar engenharia aeronáutica na USP. Durante a semana, em São Paulo, ela pesquisa o Sistema Municipal de Bibliotecas para retirar as obras para estudar. “Eram muitos livros, comprar era minha última opção.” * OS LIVROS MENOS DEVOLVIDOS 1. “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo – 87 exemplares 2. “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis – 72 exemplares 3. “Capitães da Areia”, de Jorge Amado – 66 exemplares 4. “Dom Casmurro”, de Machado de Assis e “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos – 64 exemplares cada 5. “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio de Almeida – 59 exemplares 6. “Iracema”, de José de Alencar – 52 exemplares 7. “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente – 48 exemplares 8. “A Cidade e as Serras”, de Eça de Queirós e “A Cabana”, de William P. Young – 44 exemplares cada 9. “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry – 42 exemplares 10. “Til”, de José de Alencar – 35 exemplares 11. “A Guerra dos Tronos”, de George R. R. Martin – 32 exemplares 12. “O Diário de Anne Frank”, de Anne Frank – 31 exemplares 13. “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, de J.K. Rowling – 30 exemplares