Mais de 700 livros do cineasta Hector Babenco são doados a bibliotecas
“Meu pai era um grande contador de histórias e deixou uma biblioteca enorme quando morreu”, diz a filha do diretor de cinema Hector Babenco (1946-2016), Janka Babenco. Com a irmã, Myra Arnaud, decidiu doar parte dos livros para bibliotecas públicas. São 756 obras de cinema, literatura, poesia e filosofia do argentino naturalizado brasileiro que estão disponíveis a partir deste mês para consulta e empréstimo em três unidades da cidade. “Essa coleção é incrível, é uma história de vida. A gente tinha que tornar isso acessível aos interessados”, diz Janka. A biblioteca Sérgio Milliet, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), segunda maior da cidade, recebeu a maior fatia. São 454 títulos de literatura, filosofia, psicologia e cinema. O diretor do CCSP, Cadão Volpato, diz que conhece a família Babenco, mas que a doação foi uma surpresa. “Acho que sabiam que aqui o trânsito dos livros estaria garantido.” Entre os volumes recebidos, há obras de Italo Calvino, Vladimir Nabokov, Rubem Fonseca, Ricardo Piglia e vários títulos de Paul Auster. Janka destaca o gosto de Babenco por autores beatniks. Há originais de Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Lawrence Ferlinghetti e J.D. Salinger. Entre os poetas nacionais, Hilda Hilst, Roberto Piva e Augusto de Campos. O centro cultural organizou, ainda, uma minimostra de filmes do cineasta, com sessões nesta sexta e sábado. Alguns de seus filmes são baseados em obras literárias. “O Beijo da Mulher Aranha” (1984), que está programado, é adaptado do romance do argentino Manuel Puig e teve quatro indicações ao Oscar, inclusive melhor diretor –levou o de ator (William Hurt). O cineasta tinha muitas obras do americano William Kennedy, autor de “Ironweed”, que serviu de base ao roteiro do filme de 1987, com Meryl Streep e Jack Nicholson, também na mostra. Babenco se inspirou nos relatos do médico Drauzio Varella sobre seus anos como voluntário na Casa de Detenção para produzir “Carandiru” (2003). O colunista da Folha participa de debate nesta sexta (15) com Janka Babenco e o cineasta Roberto Gervitz. Livros técnicos e da história do cinema, 47 volumes foram destinados à biblioteca temática Roberto Santos, no Ipiranga. Os livros estarão disponíveis a partir de outubro. O Memorial da América Latina, na Barra Funda, recebeu 255 livros em espanhol e de escritores latino-americanos, como Gabriel García Márquez e Octavio Paz, disponíveis para consulta na Biblioteca Latino-Americana. * OS LIVROS DE BABENCO QUANDO sex. (‘Pixote’, às 15h; ‘O Beijo da Mulher Aranha’, às 17h15; debate às 19h30); sáb. (‘Carandiru’, às 14h30; ‘O Passado’, às 17h10; ‘Ironweed’, às 19h30) ONDE CCSP, r. Vergueiro, 1.000, tel. (11) 3307-4002 QUANTO grátis (retirar ingressos a partir das 14h de cada dia)