Mercado da soja no Brasil tem dia de novas e fortes altas nesta 3ª, mas negócios são pontuais

Os preços da soja brasileira tiveram um novo dia de altas nesta terça-feira (20). O mercado voltou a registrar ganhos consideráveis, como em Campo Novo do Parecis/MT, de 2,67%, para R$ 154,00 por saca ou de 1,91% em São Gabriel do Oeste/MS, para R$ 160,00.
As cotações nacionais ainda encontram suporte na relação ajustada de oferta e demanda, demanda principalmente por parte das indústrias nacionais, que seguem buscando matéria-prima para concluírem suas atividades de processamento até o final do ano.
O mercado especulava uma limitação do movimento de altas dos preços da soja no Brasil depois que o governo zerou a TEC (Tarifa Externa Comum) para o produto importado de países de fora do Mercosul. No entanto, esse impacto ainda não pôde ser observado, como já sinalizavam analistas e consultores, dada a oferta muito limitada no Brasil e no mundo, além das questões cambiais e logísticas.
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Mais do que isso, esses fundamentos também ajudam no suporte às altas mesmo diante de uma estabilidade do dólar frente ao real nesta terça. A moeda americana vinha recuando, mas passou a subir levemente no final da sessão e encerra o dia com R$ 5,61.
O início da safra 2020/21 também preocupa, limita os negócios e faz os sojicultores se concentrarem ainda mais nos trabalhos de campo. O risco climático é grande este ano em função do La Niña, há um atraso preocupante na semeadura e os traders também deverão acompanhar ainda mais esse desenvolvimento no Brasil para o andamento das cotações no mercado internacional.
BOLSA DE CHICAGO
E este foi um dos fatores que motivou as altas fortes da soja no pregão desta terça na Bolsa de Chicago, principalmente nos vencimentos mais distantes. O maio/21 terminou a sessão com US$ 10,48, subindo 11,25 pontos, e o julho/21 a US$ 10,49 por bushel, com ganho de 10,25 pontos. No novembro, foram 9,75 pontos de avanço, como no janeiro/21, que fecharam com US$ 10,64 e US$ 10,63, respectivamente.

De 1º a 19 de outubro, o contrato novembro/20 subiu 3,03%, passando de US$ 10,23 a US$ 10,54 por bushel. Já no maio/21, o ganho foi de 1,87%, com a posição saltando de US$ 10,18 para US$ 10,37 por bushel. Os contratos mais curtos sobem mais, justamente, refletindo esta força do consumo, em um momento onde a oferta é mais curta. E mesmo com a colheita norte-americana caminhando bem, registrando índices acima da média.
Além do clima ainda incerto e com chuvas muito irregulares para que o plantio da nova safra avance no Brasil, a demanda pela soja norte-americana tem sido outro fator importante de combustível para as cotações na CBOT.
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O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou uma nova venda de soja de 132 mil toneladas para destinos não revelados. Todas as vendas feitas no mesmo dia, para o mesmo destino e com volume igual ou superior a 100 mil toneladas devem sempre ser informadas ao departamento.
A demanda pelo produto norte-americano permanece forte, com não só as vendas registrando números elevados, como também os embarques norte-americanos já mostrando um aumento de 77% em relação ao mesmo período do ano anterior. Do projetado para ser exportado, mais de 70% já foram vendidos.
“Há suporte da ausência do Brasil do mercado, o que leva a demanda internacional a tentar garantir as necessidades com produto dos EUA”, explica Steve Cachia, consultor da Cerealpar e da TradeHelp. Mais do que isso, o profissional explica ainda que o mercado está, no momento precificando, o risco de uma frustração de safra na América do Sul, o estrago que faria no quadro de oferta e demanda mundial e o efeito sobre os preços.
“Já se começa a falar, timidamente, em racionamento da oferta, que sabemos que em um mercado livre só pode acontecer através do aumento no preço. É cedo ainda para algo neste sentido, mas há munição suficiente para os altistas tentarem empurrar o mercado pelo menos até a marca psicológica de US$ 11,00 por bushel, mesmo que depois o mercado possa não conseguir se manter neste nível”, completa Cachia.