Montadoras ampliam investimentos para carros elétricos
Tangidos por regras cada vez mais rígidas de emissão de fumaça e com baterias cada vez mais baratas, montadoras estão olhando para os motores elétricos como a mais viável das soluções. Onipresentes no Salão do Automóvel de Frankfurt, na semana passada, carros com emissão zero mostram que vieram para ficar. “A mobilidade terá de ser sustentável e limpa”, disse o alemão Matthias Müller, presidente do grupo Volkswagen. “Está acontecendo uma transformação radical na indústria automotiva -e nós queremos estar entre os líderes deste processo”. Müller anunciou investimento de € 20 bilhões (R$ 74,762 bilhões) para que todos os carros do grupo,que reúne 12 marcas tenham opções limpas. Em oito anos serão 50 novos elétricos e 30 híbridos. E 300 modelos com propulsão elétrica até 2030. As mudanças no setor são impulsionadas pelos limites cada vez mais apertados de emissão de poluentes. Em 2021, 95% da frota de cada montadora terá de emitir no máximo 90 g/km de CO2. A multa por grama excedente será de € 95 por grama excedente -e por carro. Apesar da geração atual de motores a combustão ser a mais eficiente já criada, só com motores elétricos (ou ao menos híbridos) os novos limites serão alcançados. França e Reino Unido já anunciaram que carros com motor convencional não serão permitidos a partir de 2040. Cidades como Atenas e Madri prometem banir os movidos a diesel a partir de 2025. Estes movimentos explicam porque carros limpos estão deixando de ser um nicho, com cerca de 1% do mercado. Outras montadoras fazem movimentos similares. A BMW, que desde 2013 criou uma marca para seus híbridos e elétricos -a “i”- anunciou ofensiva para fazer 25 modelos híbridos e elétricos dentro de oito anos. Harald Krüger, presidente mundial da BMW, prometeu que todos os modelos do grupo terão versões híbridas ou elétricas. Marcas do grupo já dão bônus a quem trocar carro a diesel por um que cumpra regras mais estritas. “Lançaremos nove carros com motores elétricos nos próximos anos”, disse. A Daimler -que controla a Mercedes-Benz-, anunciou que planeja oferecer versões híbridas ou elétricas para cada um de seus modelos. A regra vale até mesmo para um superesportivo como o Project One, com mil cavalos sob o capô, mas dotado de motores elétricos nas rodas e sistemas de recuperação de energia derivados da F1. A partir de 2020 a Smart, também do grupo e especializada em compactos, tomará uma decisão ainda mais radical: nenhum carro terá motor a combustão. “Fazer só elétricos é um passo definitivo”, disse a CEO da Smart, Annette Winkler, a metros do protótipo Smart Vision EQ. O protótipo terá sensores e um processador de inteligência artificial. “Dentro de alguns anos carros não precisarão mais de volantes ou pedais”, diz a CEO. As transformações na indústria estão ocorrendo mais rápido do que se imaginava. Segundo relatório da Bloomberg New Energy Finance, entre 2025 e 2030 o preço de carros movidos a bateria será competitivo com os de motor tradicional- e mesmo tirando subsídios da jogada. Parte da competitividade vem do custo menor e da maior eficiência das baterias de íon de lítio, que caíram 65% desde 2010, para cerca de US$ 300 o quilowatt/hora. A expectativa da consultoria é que despenque para cerca de US$ 73 em 2030. Sua previsão é que, em 2040, a frota de carros elétricos some 530 milhões pelo mundo