Ocidente não existe mais, diz colunista do ‘FT’

O Ocidente hoje não existe como entidade geopolítica, e o conflito entre a China e os Estados Unidos é uma inevitabilidade histórica. A opinião é de Martin Wolf, principal colunista do jornal britânico “Financial Times”. Durante evento em São Paulo, Wolf fez considerações sobre a globalização (“Nem começou”) e o impacto da grande recessão mundial iniciada em 2008. “O pior da recessão passou, mas a renda no Ocidente é um quinto menor do que antes”, afirmou. Pessimista com os rumos políticos do Ocidente, o jornalista vê a unicidade política de seus integrantes como acabada. “É disfuncional, politicamente, e quando há vácuo, outros ocupam espaço”, disse, citando a Rússia e a China. O gigante comunista é “único”, mas também tem como desafio lidar com uma taxa de investimento “excessivamente alta, de 45% do PIB”. Ai da assim, para Wolf ainda há espaço para crescimento chinês. Isso é a decadência ocidental levará a conflitos. “É inevitável, os pontos de fricção entre EUA e China são muitos”, afirmou ele, que também vê como incontornáveis um conflito termonuclear e catástrofes climáticas. Comentando superficialmente a crise brasileira, Wolf comparou o “alto nível de incompetência” da classe política daqui com a de seu país, o Reino Unido que lida com o “brexit”. “Empatamos”. Wolf falou no Fórum Cidadão Global, promovido pelo banco Santander e o jornal “Valor Econômico”. Antes dele, o professor Robert Salomon, da Universidade de Nova York, falou sobre as dificuldades que empresas têm para se inserir globalmente. Autor de um algoritmo que descreve o grau de dificuldade de cada sociedade para empresas americanas interessadas em entrar nos seus mercados, ele sustenta que a globalização é um processo ainda incipiente. Brasil e China, no seu modelo, estão aproximadamente no mesmo nível de dificuldade para empresários estrangeiros nos quesitos cultura, política e burocracia. Eles foram apresentados pelo empresário José Roberto Marinho, vice-presidente do Grupo Globo, e pelo presidente do Santander No Brasil, Sérgio Rial.