Oferta x Demanda: Soja fecha com leves altas em Chicago nesta 2ª e mercado espera definições
As preocupações com a oferta de soja dos Estados Unidos promoveram mais um dia de alta para os preços da oleaginosa no mercado internacional nesta segunda-feira (14). O mercado, no entanto, segue bastante cauteloso, principalmente, diante das questões geopolíticas e de seus efeitos sobre a demanda.
Assim, os futuros da commodity terminaram o dia com ganhos entre 4 e 4,50 pontos nos principais contratos. O contrato novembro/19 fechou com US$ 9,40 e o maio/20, referência importante para a safra brasileira, valendo US$ 9,72 por bushel.
As adversidades climáticas no Corn Belt, com o frio intenso e ocorrências de geada e neve em muitas áreas produtoras têm sido importante fator de suporte para as cotações na CBOT. Como explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, o mercado espera que a oferta possa ser ainda menor do que o estimado atualmente. O último número do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) é de pouco mais de 96 milhões de toneladas.
De acordo com o Commodity Weather Group (CWG), druante o final de semana áreas como o centro e o leste da Dakota do Norte e o nordeste da Dakota do Sul receberam algo entre 4 e 12 polegadas de neve. E no leste, centro e leste de Iowa uma geada forte, bem como no sul de Minnesota pode ter comprometido ainda mais o crescimento do milho.
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Da mesma forma, Vanin afirma ainda que o tamanho da demanda da China deverá, ao lado dessas preocupações com a oferta, ajudar a determinar os andamento das cotações na Bolsa de Chicago. Há preocupações ainda relacionada à Peste Suína Africana e sobre os detalhes do semi-acordo firmado entre chineses e americanos.
A Peste Suína Africana (PSA) continua promovendo uma sombra sobre a demanda da China por soja. Ainda assim, as importações dessa commodity pela nação asiática foram de 8,2 milhões de toneladas. Apesar de apresentarem uma baixa de 13,5% em relação ao mês anterior , já que em agosto foram 9,48 milhões de toneladas, na comparação anual as importações chinesas da oleaginosa foram maiores, já que em setembro de 2018 totalizaram 8,01 milhões de toneladas.
E no acumulado de 2019, mesmo com todos os problemas, a China comprou 7,9% a mais do que nos primeiros nove meses de 2018 ao adquirir 64,511 milhões de toneladas. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (14) pela Administração Geral das Alfândegas da China.
Há ainda uma queda na população de matrizes de suínos na China, como explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities. “Isso é um problema e preocupa. Ainda não houve uma estabilização da população de suínos, a velocidade de abate está maior do que a produção. A demanda da China ainda é uma incógnita”, diz.
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PREÇOS NO BRASIL
No Brasil, os preços subiram motivados não só pelas altas em Chicago, mas com alta também do dólar frente ao real. A moeda americana subiu 0,81% para encerrar o dia com R$ 4,128.
Com essa combinação, os preços no interior subiram mais de 1% em algumas praças de comercialização, como foi o caso de Alto Garças, em Mato Grosso, onde o preço foi a R$ 79,70 por saca, com ganho de 2,18%.
Em Paranaguá, a soja disponível fechou estável nos R$ 88,50 por saca, enquanto subiu 0,56% para R$ 89,00 em Rio Grande. Já para a referência março/20, alta de 0,57% em ambos os terminais, para R$ 87,50 por saca.