PF investiga fraudes em pesquisas eleitorais na Bahia

A Polícia Federal e o Ministério Público Eleitoral deram início na manhã desta quarta-feira (13) à Operação Opinião, que apura fraudes em pesquisas eleitorais na Bahia. Um dos alvos é o deputado estadual Marcelo Nilo (PSL), que presidiu a Assembleia Legislativa da Bahia entre 2007 e 2016. Segundo a PF, há indícios de que o deputado seria o real controlador do instituto de pesquisas Babesp (Bahia Pesquisa e Estatística). A empresa teria sido utilizada para “contabilização fraudulenta” de recursos de caixa 2 e também para manipulação de resultados de pesquisas eleitorais. Conhecida no meio político baiano como “Datanilo”, numa referência ao deputado Marcelo Nilo, o instituto registrou 39 pesquisas eleitorais no Tribunal Superior Eleitoral entre 2012 e 2016. Destas, 28 foram contratadas pelo próprio Nilo. O deputado sempre negou ser dono da Babesp e dizia que o instituto pertencia a um amigo. A empresa está em nome de Roberto Pereira Matos. Em 2015, a Folha revelou Roberto Matos que constava entre os beneficiários de bolsas de estudo que deveriam ser concedidas a estudantes carentes pela Assembleia Legislativa da Bahia, na época comandada por Nilo. “É uma empresa que não dá lucro e faz muitas pesquisas de graça. Fez muitas pesquisas pra deputados que não pagaram. Eu, inclusive, não paguei algumas”, justificou Nilo na ocasião. BUSCA E APREENSÃO A PF cumpriu sete mandados de busca e apreensão, incluindo a casa, o gabinete do deputado Marcelo Nilo na Assembleia Legislativa, além da residência de um de seus genros. Também houve buscas nos endereços do proprietário da Babesp, Roberto Matos, e na Leiaute Comunicação, agência de publicidade que atende aos governos petistas da Bahia desde 2007. Cerca de 30 policiais federais participaram da operação, que visa apreender documentos, papéis, registros e dados que possam contribuir com as investigações. OUTRO LADO Em discurso na Assembleia Legislativa na tarde desta quarta, Marcelo Nilo negou que seja proprietário do instituto de pesquisa e também negou quaisquer irregularidades na contratos feitos com a Basbep. “Fui cliente da Babesp, como outros deputados. O instituto começou a acertar e a demanda aumentou. Vossas excelências pagavam ao diretor Roberto Matos, não ao deputado Marcelo Nilo. Eu contratei e da minha conta foi transferido o dinheiro para a Babesp”, afirmou o deputado. Nilo ainda classificou como “absurda” a busca e apreensão feita pela PF em sua casa e seu gabinete. “Hoje é o dia mais difícil da minha vida”, afirmou.