Plano de privatização requer um ‘Pedro Parente’

Os R$ 15,9 bilhões, acima das expectativas, levantados em leilões de áreas de exploração de petróleo e de usinas da Cemig deram alento às contas públicas e ao PPI, o programa de parcerias de investimentos do governo federal. Não afastam, porém, a premência de se lançar mão de um nome de credibilidade, competência e trânsito político, capaz de coordenar todas as iniciativas da área. E que tenha, principalmente, um foco exclusivo nessa tarefa, tal qual um Pedro Parente na Petrobras. O principal nome no PPI, Moreira Franco, hoje ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, parece mais voltado a outros afazeres no governo, inclusive o de salvar a própria pele, alvo de investigações no STF. Além do PPI, as concessões e privatizações estão espalhadas por BNDES, Sest (secretaria de coordenação das empresas estatais) e ministérios. Os ativos que saíram para a iniciativa privada eram os mais fáceis de serem comercializados. As hidrelétricas, que renderam mais de R$ 12 bilhões, já estão em operação. Nada contra começar pelos ativos prontos a irem a mercado, pelo contrário. Mas muito do que o governo tem para ser privatizado envolve uma enorme complexidade, a começar da Eletrobras. Embora o programa tenha avançado sobretudo em aperfeiçoamento regulatório, sem uma coordenação relevante restará a sobreposição marqueteira de planos de privatização, a ignorar promessas de planos anteriores. * Leilão de óleo terá impacto a médio prazo, dizem seguradoras O leilão de blocos de óleo e gás deverá reanimar a área de seguros de riscos de petróleo no país, mas o impacto a curto prazo será pequeno, segundo companhias do setor. As atividades que antecedem a exploração dos poços deverão movimentar pelo menos US$ 25 milhões (R$ 79 milhões) em prêmios, afirma Carlos Frederico Ferreira, diretor-executivo da Austral. A demanda aumenta já na fase das propostas, quando algumas empresas usam seguros como garantias, diz ele. “O setor estava parado, e o leilão revive o segmento, mesmo antes da fase de operação, quando há a construção e a conexão de dutos. É um ciclo que leva até cinco anos. ” A disputa não vai trazer um retorno grande nos próximos dois anos, mas deverá fomentar outras coberturas, como a de prestadores de serviço e de embarcações, diz Bruna Rinaldi, do grupo BB Mapfre. Há também uma incógnita sobre a demanda que virá das empresas estrangeiras vencedoras, diz ela. “Não existe uma obrigatoriedade de contratação de seguro local, então é possível que a matriz de algumas das companhias não contratem no Brasil. Outras, porém, ainda optam por escolher uma seguradora nacional.” * Saúde em foco A Benner, de software, deverá aumentar sua participação no mercado de saúde em 2018, segundo o diretor-executivo, Severino Benner. A companhia vai investir R$ 50 milhões no ano que vem, afirma o executivo. Desse montante, R$ 33 milhões serão usados em aquisições. “Saúde representa 55% do nosso negócio, e queremos ampliar isso com mais produtos conectados, que ajudam a reduzir o desperdício de recursos e de medicamentos, por exemplo.” Outros R$ 12 milhões serão destinados a novos produtos, e, o restante, à expansão da rede de revendas. Há cinco meses, a Benner passou a atender companhias menores, com receita de até R$ 50 milhões. A empresa tem cerca de mil clientes, e esse número deverá crescer 10% até dezembro, diz ele. * Surpresa no emprego O desemprego no Brasil caiu mais rapidamente do que o previsto pelos analistas do Bank of America Merril Lynch, segundo uma análise da instituição. O banco projeta que, até o fim deste ano, o índice ficará em torno de 12,4%. No trimestre encerrado em agosto, a taxa ficou em 12,6%, segundo o IBGE (instituto de geografia e estatística). O número de desempregados chegou a 13,1 milhões. A melhora gradual no mercado de trabalho, a inflação baixa e uma alta de confiança devem impulsionar o crédito e o consumo, que deve ser o principal motor do crescimento econômico em 2018, preveem os analistas. “O progresso na agenda de reformas do Congresso permanece sendo crucial para o crescimento sustentável dos níveis de confiança e do estímulo aos investimentos e ao consumo”, aponta o relatório. * Intercâmbio com Notre Dame A Universidade de Notre Dame prevê um aumento no número de parcerias com universidades e empresas brasileiras a partir do ano que vem, segundo o presidente da instituição, John Jenkins. “Nós abrimos um escritório no país e temos um relacionamento com a USP [Universidade de São Paulo] e a FGV [Fundação Getúlio Vargas]”, diz o executivo. “Alguns dos nossos alunos já vieram para o Brasil e temos recebido brasileiros, mas ainda achamos que é pouco. Estamos em um estágio inicial.” * Lava Jato O juiz federal Sergio Moro será o primeiro brasileiro a ser premiado pela Universidade de Notre Dame. Ele receberá o prêmio nesta segunda-feira (2), em São Paulo, por conduzir investigações contra corrupção. Som por… Atrás do México, o Brasil é o segundo país onde as pessoas mais ouvem música pelo YouTube. Dentre os ouvintes por streaming, 95% usam esse serviço, aponta a IFPI, que monitora essa indústria no mundo. …vinténs Essa é a forma que menos rende dinheiro para os produtores, aponta a consultoria. Enquanto um usuário no Spotify (serviço de música) representa receita média de US$ 20 (R$ 63,6), um de YouTube vale US$ 1 (R$ 3,18). Confiança… Os clientes brasileiros confiam mais nos bancos que a média mundial, mas ao mesmo tempo usam serviços mais básicos e pouco diferenciados das instituições, aponta a EY. …no credor O Brasil é o 6º de 32 países pesquisados, em um ranking sobre quanto se acredita na responsabilidade das empresas. Quanto mais os clientes usam atendimento digital, mais confiam na instituição, segundo a consultoria. * com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI