PM que deveria estar preso por matar uma mulher é fotografado em piscina

Um soldado da Polícia Militar do Rio Grande do Norte deveria estar preso sob suspeita de ter matado a ex-namorada em 2013. Mas, segundo o advogado da vítima, Emanuel de Holanda Grilo, há fotos suas recentes dele tomando banho de piscina. Já a PM diz que ele está preso, mas vai apurar se houve fuga. Gleyson Alex de Araújo Galvão, 36, é acusado de matar a pauladas sua ex-namorada, a advogada Vanessa Ricarda de Medeiros, 37, dentro de um motel, em Santo Antônio (RN). Ele responde por homicídio qualificado. O soldado foi preso em flagrante e mais tarde teve a prisão convertida em preventiva (sem prazo para soltura). Segundo o advogado da vítima, Galvão deveria estar desde então no 4º Batalhão da PM, em Natal. No entanto vieram a público fotos suas fora do quartel. A OAB do Rio Grande do Norte entrou em contato com o comandante da PM do Estado, que disse que iria apurar o caso. A PM diz que ele está preso no momento, mas vai apurar o caso. Uma conclusão será divulgada nos próximos 30 dias. Segundo a versão do crime que consta dos autos do processo, o policial agrediu a vítima porque ela havia se recusado a fazer sexo com ele em frente a outro homem. Uma outra mulher, que teve um relacionamento com o soldado -fora do quartel- em 2016, procurou a Polícia Civil dizendo que havia sido ameaçada por ele. Em depoimento, ela disse que rompeu o namoro quando descobriu que ele havia matado uma mulher, e ele então a ameaçou. A defesa do policial disse, no processo do crime de 2013, que ele tem uma doença mental. A Folha não conseguiu contato com seu advogado para questioná-lo sobre as fotos. Dados do estudo do estudo “Mapa da Violência – Homicídio de Mulheres”, de 2015, mostram que o número de mulheres vítimas de homicídios no Brasil cresceu 21% em dez anos, período em que foram assassinadas 46.186 mulheres no país. Isso leva o país a uma taxa de 4,8 homicídios a cada 100 mil mulheres –é a quinta mais alta em comparação a dados de outros 83 países, divulgados pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Neste sentido, o Brasil fica atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Destas mortes, a maioria foi causada intencionalmente por pessoas conhecidas da vítima, como familiares e parceiros. Em março de 2015 foi aprovada lei que passou a considerar o feminicídio, que engloba os casos de violência doméstica, como um agravante do crime de homicídio. Segundo o levantamento, metade dos homicídios de mulheres registrados em 2013, ou 50,3%, foram perpetrados por uma pessoa próxima à vítima, o que leva a uma média de ao menos sete feminicídios por dia no país. Do total, 1.583 mulheres haviam sido mortas por parceiros ou ex-parceiros, o que corresponde a 33,2% do total de homicídios naquele ano.