Preços da soja no Brasil fecham estáveis no interior e recuam nos portos com baixas em Chicago

O mercado da soja na Bolsa de Chicago trabalhou durante todo o dia em campo negativo e encerrou o dia ampliando suas baixas, levando o contrato maio/17 a perder os US$ 10,00 por bushel. O vencimento – que é o mais negociado agora, além de referência para a safra do Brasil – terminou o pregão com US$ 9,99 por bushel, perdendo 6,75 pontos. As demais posições, entre as mais negociadas, terminaram o dia recuando entre 7 e 9 pontos.
O sentimento de um mercado mais baixista neste momento permanece. A grande safra da América do Sul que vai chegando aliada às especulações de uma grande safra que também deverá se desenhar nos Estados Unidos nesta nova temporada, mais os elevados – ou confortáveis – estoques norte-americanos pesam sobre as cotações neste momento.
“A colheita brasileira está completa em metade de sua área e a argentina está prestes a começar, e com perspectivas de produtividades elevadas, o que pressiona o mercado”, diz Tomm Pfitzenmaier, presidente da Summit Commodity Brokerage, ao portal Agriculture.com.
Nova safra dos EUA
Em 31 de março, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos traz seu primeiro relatório de intenção de plantio da safra 2017/18 e as perspectivas indicam um aumento expressivo da área de soja. Apesar disso, e e contrariando algumas outras projeções, a corretora e consultoria Allendale, de Illinois, nos EUA, estima uma colheita menor esse ano, devido a um rendimento mais baixo.
“Este será um fator muito importante a ser observado por conta do cenário de rendimentos neste ano. Se nós tivermos temperaturas normais e uma volta dos rendimentos comuns, nós iremos ver um declínio da produção em relação ao ano passado, acredite ou não”, disse Rich Nelson, estrategista-chefe da Allendale.
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Dólar
Outro fator que contribui para a pressão dos preços em Chicago nesta terça-feira foi a alta do dólar. A moeda americana subiu tanto no cenário externo – com o index registrando 0,39% de alta e 101,65 pontos – quanto no interno, onde fechou com alta de 0,54% e valendo R$ 3,1693, após bater na máxima do dia em R$ 3,1828.
De um lado, as expectativas latentes de uma alta dos juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve, mais a cena política nacional – com as delações a lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a ser entregue ao Supremo Tribunal Federal criaram o ambiente para o avanço.

“O processo político doméstico causa alguma apreensão e pode amplificar (a reação do mercado a) alguma decisão diferente do Fed amanhã”, afirmou o diretor da mesa de câmbio da corretora Multi-Money, Durval Correa á agência de notícias Reuters.
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No Brasil, 0x0
Os preços no Brasil, porém, fecharam o dia sem variações. A alta do dólar, bastante significativa depois dos últimos recuos, foi, mais uma vez neutralizada pelas baixas observadas em Chicago. No interior do Brasil, as exceções ficaram por conta de Sorriso/MT, com baixa de 0,9% para R$ 55,00 por saca e São Gabriel do Oeste/MS, onde o preço cedeu 1,72% para R$ 57,00.
Nos portos, as referências até buscaram alguma recuperação, mas terminaram o dia em campo negativo. Em Paranaguá, R$ 71,00 no disponível e no futuro, com perda de 0,7%, e em Rio Grande, R$ 71,50 no dispon[ive, com baixa de 0,69%, e estabilidade no futuro com R$ 73,00 por saca.
“O mercado parou”, explicou o superintendente do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), Daniel Latorraca, em entrevista ao Notícias Agrícolas, se referindo ao comportamento do produtor brasileiro diante da movimentação do câmbio e dos atuais patamares do dólar. As vendas seguem paradas e o sojicultor mantém sua retração até que esse ambiente começe a dar sinais de mudança.
Somente em Mato Grosso, há cerca de 38% da nova safra de soja ainda a ser comercializada. Entretanto, é inevitável a comparação do produtor entre o dólar de março de 2016 – de R$ 3,71 – e o de hoje, na casa dos R$ 3,16. Os desafios para os agricultores brasileiros, portanto, são grandes neste momento, ainda segundo Latorraca.
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