Publisher do grupo Slate vê ‘notícia fraudulenta’ como ameaça ao jornalismo

O próprio mau jornalismo, de “notícias fraudulentas”, é uma das ameaças que o jornalismo profissional enfrenta hoje, nos EUA e no mundo, segundo Jacob Weisberg, publisher do grupo Slate, que edita o site de mesmo nome, no segundo e último dia do 4º Festival Piauí GloboNews, em São Paulo. De um lado, “este é um dos melhores momentos para ser um jornalista”, afirmou Weisberg, mencionando a liberdade de experimentação permitida pela internet. Mas é também “um dos mais difíceis para ser um publisher”. Ele vê problemas em três frentes. “Do RT à Fox News, ao ‘Breitbart’, você tem muito mau jornalismo que é muito bem financiado. Não gosto de usar o termo ‘fake news’, prefiro ‘fraudulent news’, porque é conteúdo criado com a intenção de enganar.” Outra “ameaça” é que o modelo de negócios do jornalismo foi “severamente rompido” por gigantes como Google e Facebook e precisa ser reerguido. Por fim, há “o desafio político”, em que “a imprensa independente é cerceada” da Venezuela à Rússia. “Nos EUA, parte do que descobrimos com Trump é que, nesta questão, como em outras, não somos exceção. Estamos submetidos à mesma tendência.” Weisberg foi entrevistado por João Moreira Salles, publisher da revista “Piauí”, e por João Gabriel de Lima, que prepara a criação de um curso de jornalismo na faculdade Insper.